Cabeça erguida
PcD ou não, só não vence na vida quem não quer
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emAtualmente, com as novas tecnologias para auxiliar e se adequar às pessoas que nasceram ou no decorrer da vida foram acometidas por meio de alguma enfermidade, o púbico PcD (Pessoas com Deficiência) vence, quando quer, obstáculos que surgem à sua frente.
No Brasil somos (e me incluo nesse segmento) cerca de 18,6 milhões de pessoas com alguma deficiência, segundo dados coletados pelo IBGE. Em Brasília, particularmente, são 28 mil, de acordo com números do primeiro semestre de 2023.
Os novos recursos para os PcD são muito úteis. A título de ilustração, para pessoas com menos coordenação motora a dica é a IA (Inteligência Artificial). Aplicativos como Alexa, Google, Siri etc ajudam muito no dia a dia desse público. São ferramentas utilizadas cada vez mais, inclusive por deficientes visuais.
Ao longo da minha vida acompanhei essa evolução tecnológica por meio de jogos eletrônicos como TJ, Atr, MS, MD, SN, 3do, PS1, PS2, XB360, XB 1X, bem como jogos de computador. Sou um aficionado por eletrônicos, admito, sejam eles fáceis ou difíceis. Eu os defino como minha passagem de ida para um mundo muito diferente, em que me torno o personagem principal. Muitas vezes a imersão é tão intensa que passo várias horas me divertindo com variadas modalidades de uma vasta coleção que tenho.
Cresci vendo cada geração de novos produtos eletrônicos que surgiam em minha frente. São o meu hobby favorito. Hoje, do alto dos meus 44 anos, cresci acompanhando o crescimento desses ‘joguinhos’. E continuo jogando até hoje, mas com moderação, pois minha agilidade já não é como antes.
Entendo que chegou a hora de transmitir meus conhecimentos para a próxima geração, esperando que meus atuais e futuros amigos saibam desfrutar cada momento das suas vidas. Aos sábados e domingos, e eventualmente em um dia do meio da semana, troco de jogo e sento defronte a um tabuleiro de xadrez, na companhia de um novo amigo.
São momentos paradisíacos com o jornalista José Seabra. Com calma, como se tivéssemos ‘jogando um cheque para amanhã, tipo pré-datado”, nos regozijamos com o movimento das peças. E haja xeque. Até que um dos dois dá um mate.
Com ele (esse meu novo amigo), estou aprendendo muito (embora o José diga que muito já sei) e travamos juntos longas conversas. A cada visita, um tema diferente para abordarmos. É quando literalmente ele me coloca em xeque, me obrigando a raciocinar com mais calma.
É o tal do ‘não se avexe não’, como diz o José, para que eu possa exercitar corpo e mente. A cada dia, aprimoro meus conhecimentos. E meu pai, para ajudar-me, eventualmente pega o violão e começa a tocar ao nosso lado. Paizão, o meu. O José se distrai, canta junto, e eu ‘como’ a dama dele. Daí para o mate, é como pedir um suco de melancia à minha mãe, que José degusta junto comigo, usando em seguida um guardanapo para limpar seu bigode.
Chega a hora de partir, e fica o gostinho de quero mais. Nesses momentos, o intervalo entre um e outro fim de semana parece ser uma eternidade. É por essas e outras que, sempre que pode, o José dá uma esticada em minha casa numa quarta ou quinta-feira para mais um embate no tabuleiro.
Nos conhecemos há pouco mais de dois meses no GFA (Grupo de Assistência Social e Espiritual São Francisco de Assis), em Aguas Claras. Naquela ocasião, o palestrante abordou o Poder de Jesus. Não falou em milagres. O milagre acontece com quem tem fé, esperança, força de vontade. Como eu e meu amigo José.