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Conflito insano

Deus salve o povo palestino dos profetas da guerra

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Autor/Imagem:
Armando Cardoso* - Foto Reprodução/Sputniknews

Um dos maiores e mais imbecis dos flagelos humanos, a guerra, como disse o filósofo e escritor Paul Valéry, normalmente é um massacre entre gente que não se conhece para proveito de pessoas que se conhecem, mas não se massacram. Em síntese, os conflitos são definidos como um confronto de dois ou mais grupos de indivíduos, motivados por algum interesse conflitante. As raízes do entrevero envolvendo Israel e palestinos remontam à década de 40, no pós-guerra, quando o fluxo migratório de judeus alterou a composição demográfica na região, gerando atritos entre a nova população e os árabes-palestinos.

Portanto, a batalha tem, teve e terá sempre como principal causa o controle da Palestina. O grupo islâmico Hamas, que jamais representou a comunidade palestina, entrou na briga por puro ódio aos judeus, seus principais inimigos. A ideia do colegiado terrorista é unicamente destruir a sensação de segurança no Estado de Israel, criado em 1948 na antiga região da Palestina. Bancado financeira e logisticamente pelo regime dos aiatolás iranianos, o movimento islamista só existe para pregar a destruição de um povo considerado por alguns países como expansionista, controlador e dominador.

Obviamente que, num conflito armado, ninguém sabe quem ganha, mas todos sabem quem perde: a população indefesa que, desarmada, é alvo fácil dos insanos profetas da guerra. É a situação vivida pelos palestinos da Faixa de Gaza, onde o momento é dramático, necessitando urgentemente de um corredor humanitário que permita a retirada de civis, principalmente crianças, mulheres e idosos. Infelizmente, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, temporariamente presidido pelo Brasil, não conseguiu consenso para um acordo nesse sentido.

País acostumado com o nirvana, o Brasil fechou questão em relação aos direitos humanitários internacionais, defendendo o respeito e o cumprimento dos direitos humanos e condenando o uso de civis como escudos. Sintetizando, qualquer cidadão com um mínimo de inteligência tem horror das escaramuças e, por isso, defende o equilíbrio e a serenidade. Embora saiba que é mais fácil fazer a guerra do que a paz, sou daqueles que, entre uma luta justa e o sossego injusto, opta naturalmente pela segunda alternativa. Difícil antever a curto e médio prazos o surgimento de um Estado palestino. Até lá, que Deus salve seu povo.

No entanto, precisamos trabalhar pela liberdade desse povo dependente de migalhas de Israel e, eventualmente, de boas ações do mundo. Esculhambado em seus inatacáveis domínios, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu preferiu matar para vingar seus mortos. Ao contrário dos antecessores Shimon Peres e Yitzhak Rabin, Netanyahu nunca se esforçou para solucionar o conflito com os palestinos. Terrorismo do Hamas à parte, a realidade é que, desde a invasão da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, em 1967, na Guerra dos Seis Dias, Israel defende a tese de uma cidadania desigual, em que judeus são cidadãos e os árabes e palestinos, não. Absurdo dos absurdos, independentemente da guerra, nada e nem ninguém consegue chegar ao território da Palestina sem permissão dos israelenses.

Pior do que apátridas, os palestinos não existem para os judeus. Como para toda ação há uma reação, a recíproca é verdadeira em relação ao Estado de Israel. Enquanto Netanyahu achar que pode buscar a paz pela força e os judeus tratarem os palestinos como lixo, não haverá sossego na região. Parafraseando Malcolm X, não se pode separar paz de liberdade, porque ninguém consegue estar em paz sem ser livre. Afinal, paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos. Mantenho a posição sobre a necessidade de Israel se defender do Hamas. No entanto, nada mais bestial do que matar inocentes para vingar inocentes. O mais odioso da guerra é a paixão que se tem por ela. Obviamente bem longe do front, Netanyahu e os líderes Hamas são apaixonados por um conflito.

*Presidente do Conselho Editorial de Notibras

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