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Brothers sem conteúdo

‘Quien dio a luz a Javier Milei que o balance’

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo

Embora considere mais um daqueles bestiais disparates da política do continente, a eleição de Javier Milei para presidente da Argentina acabou contribuindo para que, voluntariamente, eu tirasse um fardo de minhas costas sexagenárias. Depois de ouvir por anos a fio que o brasileiro precisa ser estudado pela Nasa, concluí na noite de domingo (19) que, pior do que nosotros, los hermanos portenhos precisam ser abduzidos simultaneamente por Benjamin Netanyahu e pelos líderes do Hamas. Quem sabe uma circuncisão a sangue frio não os faça acordar do enrosco e das incertezas em que se meteram.

Donde estarán las manos de Dios? E ángel Diego Armando Maradona? Yo no sé, no conozco e no estoy seguro de la sanidad de los vecinos, de las mujeres e de tus hijos. Yo tampoco quiero saber. O que sei é que cada pueblo tiene el Gobierno que se merece. Mejor esperá pelas benções de su Santidad Francisco. Portanto, na ausência de los santos patrones, quem pariu Milei que o balance. Por aqui, embalamos um capitán por cuatro años. Saber lo que salió mal? Tudo. Sabes lo que pasó? Ya hicimos eso y no sirvió una mierda, ou seja, já fizemos isso e só deu merda. Paciência. Agora, é torcer para passar rápido.

Mierda por mierda, que déjalo bajar rápidamente al hoyo. Aportuguesando macarronicamente a previsível frase, que desça rápido à fossa. Da mesma forma que virei as costas para as loucuras de Jair Messias, não faço questão alguma de conhecer El Loco Milei. Longe de achá-los divergentes de um canhão ou de uma bruxa sem calcinha plantando bananeira, ambos parecem brothers e têm tudo a ver com a história das duas irmãs, uma bonita e a outra feia. Um gaiato pergunta para a mãe sobre a razão de as meninas, farinha do mesmo saco, serem tão discrepantes.

A resposta é para calar até os mudos: Realmente são farinha do mesmo saco, mas a mandioca é diferente. Apesar da semelhança física, ideológica e verborrágica entre Bozo e Milei, tenho de reconhecer as diferenças entre o Brasil e a Argentina no quesito transição de governo. Lá, Javier Milei e Alberto Fernández se detestam, não concordam em nada, mas se reuniram como pessoas adultas e civilizadas. Aqui, Bozo fugiu da responsabilidade e sequer passou a faixa presidencial a Lula. Claro que já estava pensando no fracassado golpe.

Ainda por lá, o discurso pré-posse é de que a Argentina vai parar de interagir com Brasil e China, seus principais parceiros econômicos. Obviamente que se trata de bravata de um presidente eleito que, ainda sem conteúdo, terá de dar respostas imediatas a seus eleitores, sob pena de a população argentina sair às ruas para manifestacións raivosas em la Plaza de Mayo. E quando vierem os protestos não há hipótese de permanência dos simpatizantes do bolsonarismo que migrarem para o vizinho do Prata. Enquanto a realidade dos portenhos não se transforma em pesadelo, a expectativa é de que, nos próximos dias, cheguem centenas de ônibus carregados de bolsominions brasileiros à procura de uma boquinha no governo do companheiro ultraliberal;

Caso se confirme o êxodo da patriotada golpista para a terra do pollo asado con harina, provavelmente os portenhos mais sérios e menos direitões irão sugerir a Javier Milei a mudança do nome da capital argentina para Boi Nos Ares. Sobre Milei e o Brasil, quem desdenha quer comprar. É claro que ele sabe onde o calo ou a peruca apertam. Criticar antecipadamente a Luiz Inácio para agradar o defenestrado Bolsonaro pode ser um tiro no pé. É um sinal claro de que El Loco já começa o governo errando o alvo. Calejado, Lula vai pagar para ver. Todos sabemos que a Argentina tem um enorme passado pela frente. Se preferirem um eufemismo, Milei e a Argentina têm um enorme futuro por detrás.

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