Que venha 2024
‘Sol de 2022 afastou de vez as sombras de 2018’
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emO ano de 2023 rompeu com uma inesquecível festa pela recuperação do Estado Democrático de Direito. Infelizmente, o Brasil se surpreendera no dia 8 de janeiro com um dos maiores atos de violência, ignorância e imbecilidade de sua história. Infelizmente, o vandalismo dos chamados “patriotas” feriu gravemente a República, mas a manteve de pé graças à força e a coragem de um povo, que, comandado por verdadeiros líderes, não abre as pernas para estrupícios como os que estão e ainda serão recolhidos à Papuda, penitenciária federal de Brasília. No mundo, o cenário de guerra só não foi recuperado totalmente porque outros dois dirigentes também idiotizados decidiram aniquilar com povos antipáticos à forma como governam.
Não à toa, Jair Bolsonaro, Vladimir Putin, Benjamin Netanyahu e agora Javier Milei rezam na mesma cartilha de ódio do destronado Donald Trump. Um dia experimentarão do mesmo tição de Satanás. Alguns já experimentam. Felizmente, o melhor do caminho é que, para todo game-over, sempre haverá um play again. Faz um ano, exatos 365 dias, que os astros amanheceram a nosso favor. No primeiro de janeiro de 2023, o Brasil despertou sob nova direção. A esperança havia vencido o medo, o ódio, a violência e o desamor. Mais uma vez, a democracia triunfara sobre a tirania. Mas, para os mais raivosos, o presidente empossado nessa data nada tem de querubim.
Concordo em números, na medida em que presidentes, imperadores, reis e juízes são homens e não anjos. Portanto, são falíveis. A diferença para os escatológicos anticristos é que eles aceitam os semelhantes sem qualquer imposição do tipo faça o que eu mando. Os brasileiros voltaram o rosto na direção do sol, de modo que as sombras ficassem para trás. Hoje, patriotas e antipatriotas têm a oportunidade de construir o amanhã que desejam e não o que queriam impor. Ao longo do período, recolhi as pedras que os seguidores de Judas jogaram pelo caminho. No futuro, quem sabe, ajudo a construir um castelo para louvação da democracia, bem maior de toda sociedade. Sonhei com a liberdade e comemorei quando a conquistei de forma incontestável.
Por isso, ainda não consigo entender por que minha alegria ofende tanta gente. Uma nova eleição se aproxima. Com ela, a tal polarização, cujo sinônimo é conflito, discordância ou divergência entre atitudes políticas de extremos ideológicos. O termo é relativamente novo, mas há anos gera calafrios nos mais antigos. Na mesma proporção, causa frissons naqueles que se utilizam da palavra para destilar ódio, matar e morrer em nome do antagonismo. Como Henrique de Souza Filho, o nosso imortal Henfil, dei murros em ponta de faca até me descobrir um cidadão na essência do vocábulo. Como diz um velho amigo de histórias da vida, cuspo na imagem dos que ainda trabalham pela ressignificação da derrota.
Assim como o herói de um conto antigo, enfrentei dragões para conquistar a sonhada liberdade. Por isso, bem próximo da linha de chegada, continuar vencendo não é apenas um destino, mas o maior dos desafios. Perdão pelo cacófato, mas o triunfo deu-se em 2022. Mesmo sem vinculação partidária, louvo àqueles que acham que a vida deu voltas, que a epidemia nos obrigou a dar um passo à frente. Eles venceram as dificuldades disfarçadas de oportunidades e, enfim, celebraram a vitória de Luiz Inácio, cuja batalha permitiu ao Brasil estar pronto para a próxima curva. Neste 2024, a proposta não é de vencer todos os dias, mas de lutar sempre como se estivéssemos diariamente entre o abismo e o precipício. Que o primeiro passo do ano seja acreditar que todo sonho é possível de ser realizado.
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978