A isca
Tubarão, tortura e milícia formam um medo só
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emCreio que todos nós temos nossos medos. Pois bem, também cá tenho os meus: tortura, fascismo, milícia. Já de tubarão, confesso que não sinto medo. Tenho mesmo é pavor!!!
No entanto, até como um possível contrassenso, adoro praia. E foi justamente por conta disso que desenvolvi na minha mente covarde a técnica da isca. E confesso que a utilizo até mesmo na praia de Copacabana, onde nunca houve um ataque de tubarão. Aliás, esse lance de nunca talvez seja um exagero, mas não sei ao certo.
Mas o que seria essa tal técnica da isca? É bem simples: toda vez que vou entrar na água, sempre observo se há outras pessoas tomando banho. Então, entro quase não aparentando medo. Obviamente que dou aquela molhada nos pés e nos pulsos, como se estivesse preparando o meu corpo para as diferenças de temperaturas entre a água e o ar, que no Rio são gritantes.
Pura interpretação de alguém tentando disfarçar o pavor de dar um mergulho entre as ondas, já que não consigo tirar da mente que logo ali vai ter um bicho de não sei quantos metros, com a boca cheia de dentes afiados, querendo atacar justamente este que escreve essas palavras tão covardes. Sou mesmo covarde!!! Nossa, que liberdade poder escrever que tenho pavor de tubarão!
Todavia, estou aqui para contar a técnica que desenvolvi. Pois bem, nunca sou o cara mais distante na água. Aliás, chamo esse indivíduo corajoso de isca. É simples assim, pois tive que desenvolver, na minha imaginação doentia, um artifício para conseguir dar aquele mergulho na praia.
Por isso, penso que, caso haja um tubarão por perto, ele vá preferir degustar as carnes justamente daquele outro humano que fica lá no fundo. Seja como for, agradeço todos os dias por existirem muitas iscas, algumas mais corajosas que outras. Sem elas, eu não colocaria nem a pontinha do meu pé na água e, provavelmente, teria que levar um baldinho para poder me molhar ali mesmo na areia da praia.