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Capitão de bravata

Quem esteve mais perto da venezuelização da Terra Brasilis?

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior* - Foto de Arquivo/Valter Campanato - ABr

Especialista em meio ambiente e questões militares, a advogada venezuelana Rocío San Miguel foi presa sexta-feira (9) pelo regime do doidivanas Nicolás Maduro. Acusada de “terrorismo”, “traição à pátria” e “conspiração”, desde então a opositora do mequetrefe ditador está desaparecida. Seu crime foi se manifestar contrariamente aos métodos tirânicos do representante de Lúcifer na América do Sul. O segundo, conhecido na Argentina por El Loco, ainda está estagiando na matéria. Não fosse a agilidade de nossas autoridades do bem, teríamos um terceiro, talvez tão ou mais sanguinário do que Nicolás. Alguém tem dúvida disso? É claro que sim. Os “patriotas” insistem na tese de a reunião do golpe era somente mais uma das brincadeiras de péssimo gosto do Jair das Arábias.

Nem o mais atrasado dos meninos da quinta série do povoado de onde saiu o engraçado Tiririca acredita nessa história de duendes perseguidos. Que dirá na informação dos advogados do clã e nos porta-vozes dos seguidores da barbárie, para os quais a reunião, a minuta e a invasão das sedes dos Três Poderes não passaram de mais um “arroto de asneira” do mito sem noção. Pelo sim, pelo não, para sorte da maioria esmagadora dos brasileiros, o nosso Maduro apodreceu antes que fizesse brotar sob suas encardidas botas novos militares servis, subservientes, vassalos e bem mais nocivos do que o Aedes Aegypti, o repugnante mosquito transmissor da dengue.

Só para lembrar às bestas feras que defenderam (e defendem) o golpe, Bolsonaro passou boa parte de seus mandatos de deputado federal e de presidente da República afirmando que a esquerda, representada por Luiz Inácio Lula da Silva, transformaria o Brasil em uma Venezuela. Como Deus é justo, ainda bem que o tempo passou a tempo de mostrar quem estava mais próximo da venezuelização da Terra Brasilis. As digitais do capitão de bravata estão por todos os cenários da crise golpista, particularmente aqueles envolvendo oficiais de alta patente das Forças Armadas. Não é nada, não é nada, mas em qualquer país sério todos já estariam presos.

Como há entre quase todos os brasileiros a certeza de que o ministro Alexandre de Moraes sabe o que faz, a dúvida é o timing, ou seja, quando e onde isso ocorrerá. Como diriam oito dos dez ministros em operação no Supremo Tribunal Federal, é uma questão de horas, dias ou, no máximo, semanas. Para esses, não há uma touceira de cana contra Jair Messias, mas um canavial de selvageria, rudeza, estupidez, bestialidade e incivilidade contra a pátria que tanto diziam amar. Os dois magistrados contrários são aqueles que, frustrado o golpe e sem argumentos para justificar tamanha simpatia pelo mito do Ponto Cem Réis, bairro próximo da sede da Unidos do Viradouro, campeã do Carnaval carioca deste ano, que, por conta do endeusamento do Jair, terão de repensar suas estratégias.

Sobre Flávio Dino, o décimo-primeiro ministro da Corte, o temporal de paixões está apenas começando. E com relação à hipotética parceria entre Jair Maduro e Nicolás Bolsonaro, assessorados por Javier Milei? Pergunta de difícil resposta, mas de fácil análise. Ela só seria formalizada se o mito brasileiro recuperasse o passaporte e fugisse para Caracas. Caraca, aí tudo poderia acontecer. Na verdade, sabemos todos da impossibilidade desta hipótese, na medida em que, cabeção como é, embora sem cabelos, Xandão jamais atenderá tal pedido. De qualquer maneira seria um cala boca para os “patriotas” que tanto criticam o ‘comunista’ Lula, mas aplaudem generais golpistas em supermercados. Depois não querem que a gente concorde com a máxima de que esse tipo de brasileiro precisa ser estudado pela Nasa. E com urgência. Enquanto a Nasa não vem, vamos nos virando com repelentes comuns para peçonhas incomuns.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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