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Otan na Ucrânia

Putin avisa que Rússia, se for ameaçada, lançará suas armas nucleares

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Autor/Imagem:
Antônio Albuquerque, Edição, com Sputniknews - Foto Reprodução

A Rússia não pensará duas vezes em usar seu arsenal nuclear na eventualidade de as tropas da Otan entrarem em ação para defender a Ucrânia. Promessa de Vladimir Putin, presidente russo, nesta quarta, 13. “Ainda não houve necessidade de usar armas nucleares táticas como parte da operação militar (de socorrer regiões separatistas)”, enfatizou. Mas Putin foi categórico: “Se a Federação Russa sentir-se ameaçada do ponto de vista militar, estaremos prontos para reagir, claro”.

O presidente falou em entrevista a Dmitry Kiselev, diretor-geral da Rossiya Segodnya (algo comparado, no Brasil, ao Sistema Globo), grupo de mídia controlador do Sputnik. “A Rússia está preparada para usar armas nucleares se a existência do Estado russo estiver ameaçada”, repetiu, lembrando que as armas nucleares do Kremlin “são mais avançadas do que as de qualquer outro país”.

O presidente russo acrescentou que o seu homólogo norte-americano, Joe Biden, faz parte de uma “escola tradicional de política de guerras”, mas frisou que há pessoas nos EUA interessadas em manter uma boa relação com a Rússia. E isso, ponderou, serve para dissuadir Biden de alguma aventura bélica inconsequente.

“É por isso que não creio que tudo esteja avançando [na direção de uma III Guerra Mundial, mas estamos prontos para isso”, disse Putin. Ele admitiu que os Estados Unidos estão desenvolvendo novas armas, mas isso não significa que estejam prontos para desencadear uma guerra nuclear amanhã.

“Eles (os americanos) estão estabelecendo tarefas para aumentar seu avanço, isso não é novidade; eles têm um plano diabólico. Nós também sabemos disso. Eles estão desenvolvendo todos os seus componentes. para desencadear esta guerra nuclear amanhã. Bem, eles querem… Estamos prontos para responder”, pontuou Putin.

‘Ocidente não dividirá a Rússia’
Os países do chamado Ocidente coletivo encontraram-se impotentes face à operação militar especial da Rússia na Ucrânia e para acabar com a unidade do povo russo, acrescentou Putin.

Segundo ele, algumas elites ocidentais não querem um país tão potente como a Rússia ao seu lado e procuram dividi-la “No início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, os países ocidentais estavam felizes e acreditavam que seriam capazes de acabar com a Rússia através de sanções e armas, mas foi um tiro no pé. Pensaram em infligir uma derrota estratégica à Rússia no campo de batalha. No entanto, mais tarde percebeu-se que isso era improvável, e ainda mais tarde, que era impossível”, frisou Putin.

Na entrevista, Putin revelou que a Rússia está pronta para negociações sobre a Ucrânia, mas não discussões moldadas por ilusões. “Estamos prontos para conversações? Sim, estamos, mas só estamos prontos para conversações que não sejam baseadas em algum pensamento positivo induzido por drogas psicotrópicas, mas sim aquelas que se baseiem na situação desenvolvida no terreno diplomático de alto nível”.

Ele foi categórico observando que as negociações entre a Rússia e a Ucrânia não deveriam servir como uma pausa temporária para permitir que Kiev se rearmasse, mas sim uma conversa séria para garantir a segurança da Rússia. “Estamos, no entanto, prontos para uma conversa séria e queremos resolver todos os conflitos, e especialmente este conflito, por meios pacíficos. Mas devemos compreender claramente por nós mesmos que esta não é uma pausa que o inimigo queira fazer para o rearmamento.

“A Rússia não tem planos de dividir o Ocidente, eles próprios farão isso. Não vamos nos envolver em nenhuma tentativa nesse sentido. Mas, é claro, nos esforçaremos para garantir que nossos interesses sejam respeitados”, disse Putin. Ao comentar a possibilidade de um “tratado justo” com o Ocidente, o presidente acrescentou também que não confia em ninguém, e que a Rússia precisa de garantias escritas.

“Não quero dizer isso, mas não confio em ninguém. No entanto, precisamos de garantias. E essas garantias deveriam ser por escrito, deveriam ser boas o suficiente para nós e deveriam ser algo em que acreditaríamos. É disso que estou falando”, afirmou Putin na entrevista.

Putin acrescentou que atualmente é prematuro discutir esta perspectiva. “Mas certamente não cairíamos em algumas promessas vazias” , afirmou, explicando que preferia confiar em fatos, e não em algumas “boas intenções e conversas em que qualquer pessoa pode confiar”. E repetiu: “Nunca faríamos nada que fosse contrário aos interesses do nosso país”.

Ele também observou que a presença de tropas estrangeiras na Ucrânia não mudará nada no campo de batalha. “A questão é que os militares ocidentais estão presentes na Ucrânia há algum tempo, estavam presentes mesmo antes do golpe… Mas se estamos falando de contingentes militares oficiais de países estrangeiros, então tenho a certeza de que isso não mudará a situação no campo de batalha. Isto é o mais importante. O mesmo digo que os carregamentos de armas não mudam nada”, frisou.

O presidente russo também observou que se a Polónia enviar tropas para a Ucrânia, não sairá, vai querer de volta as terras que considera suas. “Porque se, digamos, tropas polacas entrarem no território ucraniano para – como se diz – proteger a fronteira entre a Ucrânia e a Bielorrússia, por exemplo, ou em alguns outros locais, a fim de libertar contingentes militares ucranianos para participarem nas hostilidades na linha de contato, então acho que as tropas polonesas nunca partirão. É assim que vejo”, disse Putin.

A entrevista foi em tom sereno, mas com palavras duras. Sobre os mísseis americanos e britânicos transferidos para a Ucrânia, advertiu que não mudarão a situação no campo de batalha na zona de operação militar russa. “Isso não muda a situação no campo de batalha. Sim, eles apenas nos causam danos, certamente. É óbvio. Mas, na verdade, isso não muda o curso do combate e as consequências que isso acarreta. Serão destroçados, como estão sendo”.

Vladimir Putin sublinhou, por fim, que a Rússia estacionará as suas tropas e sistemas de ataque perto das fronteiras da Finlândia e da Suécia após a sua adesão à Otan. “Não tínhamos tropas lá, agora haverá. Não havia sistemas de ataque, agora haverá”, disse Putin. “Por que eles fizeram isso? Na minha opinião, isso foi baseado em considerações puramente políticas. Talvez eles quisessem muito ser membros do clube ocidental, sob algum tipo de guarda-chuva”, acrescentou Putin. “Este é um passo absolutamente sem sentido do ponto de vista de garantir os seus próprios interesses nacionais.”

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