Ah, Robertinho...
Marilene, cansada, impõe espinafre goela abaixo
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emSe tem uma coisa que deixa Marilene estressada é ter que ir para a cozinha, o que acontece justamente nas quartas–feiras, quando a empregada está de folga. Uma correria só, ainda mais porque ela precisa correr de casa para o trabalho, do trabalho para casa e, após lavar a louça, correr de volta para o trabalho. Se ao menos não tivesse que pegar condução. Que nada! Pega e, pasmem, paga caro.
– Mãe!
– O que é?
– Tô com fome!
– Dá pra esperar um pouco? O jantar sai daqui a 20 minutos.
– Tô com fome, mãe!
– Meu filho, será que você não pode esperar só um pouquinho? – Marilene surge na porta do quarto de Robertinho, que está sentado em frente ao computador tentando vencer mais uma batalha num desses jogos de guerra, que tanto sucesso fazem entre a garotada vidrada na informática.
– Me dá biscoito, então!
– Aí você não janta, meu filho.
– Mãe, tô com fome!
– Espera um pouquinho só, Robertinho.
– Ah, mãe, não dá pra esperar. Me dá biscoito.
– Mas você vai acabar não jantando depois, meu amor.
– Eu janto. prometo que janto!
– Promete mesmo?
– Mãe, me dá logo o biscoito!
Finalmente Marilene se rende às vontades do seu único filho e lhe traz um pacote de biscoitos recheados de chocolate.
– Taí, ó! Só quero ver se você vai jantar depois, hein!
– … – o garoto, de tão entretido que está, nem percebe, ou finge não perceber, as palavras da mãe.
– Robertinho, meu filho, estou falando com você! Vê se quando estou falando, você presta atenção! Sou sua mãe, viu!?
– O que é dessa vez, mãe? Não tá vendo que tô ocupado agora?
– Nada! Nada! Eu não quero nada! – Marilene vira–se e sai, mas é impedida por outro chamado do filho.
– Mãe!
– O que você quer agora?
– O que tem pro jantar hoje?
– Arroz, bife e salada de espinafre.
– Puxa, mãe, você sabe que não gosto de espinafre!
Marilene voltou à cozinha para terminar sua tarefa. Hoje, mais uma quarta–feira, é folga de Neide, a empregada.