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Cachoeira de lágrimas

Agatha entra no circuito do golpe do sequestro

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Olá, tudo bem? Meu nome é Agatha Poirot, sou agente de polícia lotada na 34ª DP. A partir de hoje, vou contar alguns dos atendimentos que fiz para alertar a população sobre os crimes que acontecem na nossa cidade. Então, fique esperto para não ser mais uma vítima.

Aquele plantão parecia ser o mais tranquilo dos últimos tempos, até que, de repente, adentrou uma senhora de lá seus 70 anos em prantos. Tentei acalmá-la, mas ela só conseguia repetir que a filha havia sido sequestrada e, caso não pagasse o valor que os bandidos estavam pedindo, eles iriam matá-la com requintes de crueldade. Já percebendo que não adiantaria continuar nessa tarefa infrutífera de tentar explicar que a senhora estava sendo vítima de um golpe, perguntei-lhe qual era o número do telefone da sua filha.

Já com o número em mãos, saquei meu aparelho celular do bolso e fiz a ligação. Não demorou, do outro lado da linha, atendeu uma mulher. Obviamente que ela estava sã e salva.

Expliquei-lhe que a mãe havia recebido um telefonema de criminosos mentindo que a filha havia sido sequestrada. Falei que iria passar o celular para a sua mãe, que, finalmente, se tranquilizou. As duas conversaram por aproximadamente dois, três minutos, até que a senhora me devolveu o aparelho celular. Chorando, ela agradeceu muito pela ajuda.

— Mas como é que você tinha certeza de que era um golpe?

— Senhora, ninguém sequestra pessoas que nem a gente.

— Como assim?

— Sequestradores vão atrás de milionários, senhora.

— Mas eles sabiam o nome da minha filha.

— Não. Quem disse o nome da sua filha foi justamente a senhora, quando ouviu os gritos desesperados de alguém do outro lado da linha.

— Mas a voz era idêntica à da minha filha.

— Não. Como a senhora estava abalada, qualquer voz pareceria igual à da sua filha.

Depois de mais alguns minutos, aquela mulher se despediu com um abraço bem apertado. Confesso que, apesar dos anos nessa vida de luta contra crimes, surgiu uma pequena gota no canto dos olhos. Provavelmente por conta da poeira, haja vista ter sido num domingo, e o pessoal da limpeza estava de folga.

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