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Plantão em delegacia

Pesadelo vira tiroteio e preso vai pra cela sem cueca

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

O plantão naquela delegacia parecia tranquilo. A madrugada chuvosa indicava que a equipe, composta de delegado, escrivão e quatro agentes, poderia relaxar e até tirar uma soneca sem culpa de estar negligenciando a segurança da cidade. Afinal, até o Superman dorme de vez em quando.

Os tiras acertaram que cada um ficaria acordado durante um período, enquanto os demais repousariam que nem a Bela Adormecida. Mas nada de beijo de príncipe encantado para despertá-los, pois todos colocaram alarme nos respectivos aparelhos celulares. E lá foram os homens da lei tirarem uma pestana despidos de arrependimentos.

O Santana, que havia sido o primeiro a ficar acordado, aproveitou que ninguém estava por perto, não resistiu e acabou se entregando a Morfeu. As pálpebras pesaram e o ronco ecoou pela delegacia. Mas antes que alguém pudesse acordar com aquele barulho, eis que o Santana pulou da cadeira por conta de um tiroteio, que parecia ter vindo bem de perto.

Desesperado, o Santana apertou o botão do alarme na parede ao lado. Aquele som estridente fez com que todos os outros policiais corressem para a frente da delegacia.

— Tiroteio! Tiroteio!

— Onde, Santana?

— Parece que veio dali.

O delegado Wanderley mandou os quatro agentes irem para o suposto local do tiroteio, enquanto ele e o escrivão Bernardino ficariam tomando conta da delegacia. E lá foram o Santana, o Ricky Ricardo, o Allan Belos Cabelos e Alberto Roberto lutarem contra o crime. Enquanto isso, o escrivão reclamava do azar.

— Caramba, doutor, que droga!

— Isso é a polícia, Bernardino. Temos que estar preparados para o pior.

Mas antes que a conversava tivesse chance de progredir, eis que uma viatura da polícia militar estacionou bem em frente. Wanderley e Bernardino estão certos de que prenderam o autor dos tiros ouvidos pelo Santana. Que nada! Trata-se de embriaguez ao volante, como constataram assim que os policiais militares pisaram na delegacia conduzindo um homem totalmente bêbado, que mal se aguentava de pé.

Não demorou, o flagrante já estava todo feito. Wanderley, então, se lembrou do tiroteio e comentou com os policiais militares que a cidade andava muito violenta.

— Doutor, estranho, pois estamos fazendo ronda há quase três por aqui e não escutamos nenhum tiro.

O delegado coçou a cabeça, olhou para Bernardino, que pareceu ter entendido. Wanderley liberou os policiais militares e, então, pediu para o escrivão ajudá-lo a colocar o preso na cela. E lá foram os dois levar o detento.

Wanderley, sempre no comando, informou para o homem quais eram os procedimentos. Ele mandou que o preso tirasse toda a roupa antes de colocá-lo na cela. O sujeito obedeceu, ficando apenas de cueca.

— Agora preciso que o senhor abaixe a cueca e me mostre o fundo.

Eis que o homem, totalmente embriagado, abaixou a cueca até os calcanhares. Todavia, invés de mostrar os fundos da cueca, ele se virou e abriu o bumbum na direção do delegado.

— Não, senhor! É o fundo da cueca!

Wanderley e Bernardino, tentando segurar o riso, trataram logo de colocar o preso na cela. Mas, assim que passaram a chave no portão, duas sonoras gargalhadas ecoaram pelos corredores da delegacia. Nisso, eis que os quatro agentes retornam. Ricky Ricardo, o mais experiente da trupe, chamou o delegado num canto.

— Doutor, rodamos toda a área, abordamos algumas pessoas. Ninguém ouviu nenhum tiro.

— Já derrubei essa situação, Ricky.

— Não me diga que aconteceu de novo.

— Sim, aconteceu. O Santana teve mais um daqueles pesadelos.

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