Três Marias, nenhuma Maria
Malulinha, gaúcha, caçula, é carioca de coração
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emNão eram trigêmeas, o que poderia ser facilmente constatado pela flagrante diferença de idades, especialmente entre as duas maiores e a caçula. No entanto, de tão parecidas, era nítido que aquelas três possuíam semelhanças bem além do DNA. Eram irmãs, mas havia algo muito mais poderoso que as unia: o amor.
Poderia começar pela mais velha ou até mesmo pela mais nova. Todavia, iniciarei pela Mariana, cujos 21 anos poderiam ser contados a partir do dia do seu nascimento, ocorrido na cidade mais linda do mundo, a despeito dos despeitados de plantão. Pura inveja!
Pois bem, essa garota, após alguns anos, devido a conjunturas da vida, acabou se mudando para um aprazível vilarejo chamado Coqueiral, que fica lá em Aracruz-ES. Mas, quando chegou o tempo de fazer faculdade, não teve dúvida. “Quero estudar na USP!” E lá foi a garota seguir seu sonho na capital paulista.
Quanto à maior, aos 28 anos, é advogada em Brasília. Aliás, acredite ou não, a Ana Maria, pois é como se chama a moçoila, não raro, afirma categoricamente que está velha. Velha? Aos 28 anos? É sério? Deve ser porque a caçulinha, a Maria Luiza, está longe de completar o primeiro aniversário. Seja como for, daqui a 40 anos ou mais, caso a doutora resolva reler tal crônica, perceberá que ninguém é velho em idade tão tenra. Certamente dará boas gargalhadas da sua equivocada percepção de agora.
Já a Malulinha, antes de nascer, foi tema de altas discussões. A primeira, que na verdade nem é discórdia, mas constatação de algo que viria a acontecer. É que a Mariana ficou muito feliz e pulava que nem canguru em dia de feira. “Nem acredito que não vou ser mais a caçula! Agora vou ter alguém que posso mandar!” A verdadeira cizânia foi outra.
Como a Ana Maria e a Mariana nasceram no Rio, elas queriam porque queriam que a irmã também nascesse na Cidade Maravilhosa. No entanto, após uma série quase infinita de reuniões acaloradas com a minha esposa, a famosa Dona Irene, eis que o palanque não funcionou. Valeu o bom senso da Malulinha nascer em Porto Alegre, que é onde moramos atualmente.
Pois é, a gauchinha da família, sempre que encontra as irmãs, se diverte muito, pois solta boas gargalhadas. É muito bom vê-las reunidas, ainda mais porque percebo que a Ana Maria e a Mariana não desistiram daquela pauta de tantas e tantas reuniões, pois fazem questão de falar com a caçulinha: “Não fique triste, pois você é carioca de coração!”
*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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