Uma noite no motel
Sogro chato interrompe a ‘produção’ da neta
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emProvavelmente esta é a história mais constrangedora que me atrevo a escrever. Ela aconteceu em setembro de 2021, quando a minha amada Dona Irene, meus sogros (Martinha e Valdir), a nossa cadelinha Belchior e eu voltávamos de carro de uma viagem a Caxias (MA). Aliás, apesar de ter nascido em Teresina, a minha mulher morou toda a sua infância nessa agradável cidade maranhense.
Pois bem, lá estávamos nós cinco enfrentando aquela longa estrada e, quando chegamos a Barreiras (BA), resolvemos arrumar um local para dormir, já que os pais da Dona Irene precisavam descansar, pois já não são tão jovens assim. Entramos na cidade e, busca daqui, busca dali, conseguimos encontrar um motel. Pedimos dois quartos, um ao lado do outro. Até me lembro dos números: 10 e 11.
Tudo parecia lindo, até que a minha esposa, a Belchior e eu entramos no nosso quarto e logo nos deparamos com a televisão ligada em um filme adulto, com esses closes na região dos países baixos, onde só conseguíamos ver dois homens entrando e saindo nos distintos caminhos possíveis de uma mulher. Pra quê? A Dona Irene, muito mais atenta a detalhes que eu, olhou aquilo com seus lindos olhos castanhos e correu desesperada até o quarto ao lado.
— Mãe, a televisão estava ligada?
— Estava, sim! Mas pode ficar tranquila que já desliguei.
Tudo parecia bem, quando, de repente, a minha mulher se deparou com um enorme consolo na cabeceira bem ao lado da cama. Mas, antes que ela pudesse dizer alguma coisa, a minha sogra a mandou voltar para o outro quarto, pois a jornada seria muito longa no dia seguinte.
Assim que a minha esposa voltou ao nosso quarto, ela percebeu que também havia um consolo idêntico ao do quarto dos seus pais. Ela pegou aquilo nas mãos e, apenas pelo olhar, entendi que a decoração de todos os quartos deveria ser a mesma. Seja como for, fomos tomar banho para nos deitarmos maritalmente. Acabamos adormecendo.
Lá pelas 5 h da manhã, fui despertado por um desses beijos bem beijados da Dona Irene e, então, voltamos a fazer coisas que casais costumam fazer. Tudo ia muito bem, até que, quando já estávamos perto de chegar ao clímax, eis que ouvimos fortes batidas na porta.
— Mulher, já acordou? Vamos embora!
— Pai, ainda nem são seis horas! A mãe já acordou?
— Não! Tá dormindo!
— Então, volta pro quarto e durma mais um pouco.
Finalmente meu sogro nos deixou em paz. Não sabíamos se continuávamos ou ríamos de tamanha intromissão. Aquela situação era tão esdrúxula, que ninguém iria acreditar que meu sogro bateu na porta do motel enquanto a Dona Irene e eu fornicávamos. Mas a história não acaba por aí.
Já de volta à estrada, a Belchior começou a ficar muito agitada e, então, a minha esposa, que estava no banco da frente ao meu lado, a entregou para o meu sogro segurá-la. Daí, surgiu o seguinte interlúdio entre o Valdir e mim.
— Tá gostando de ficar com a sua netinha preferida no colo?
— Netinha preferida vai ser no dia que vocês fizerem uma.
— Como você quer que a gente faça uma, se você vive batendo na porta do nosso quarto quando estamos tentando?
Enquanto o meu sogro fazia um bico enorme, a Dona Irene e a minha sogra caíram na gargalhada.
*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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