Mona Lisa dos trópicos
Estagiários em farsa eleitoral, Jair e Trump invejam perícia de Maduro
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emNa ficção, o Mágico de Oz ajuda uma menininha e seu cãozinho Totó a voltarem para casa, depois de serem levados por um ciclone. Em Harry Potter, o feitiço mais forte e mais cruel é o Imperium. Mais conhecidos são os mágicos que tiram coelhos da cartola ou cortam pessoas ao meio. Pior são aqueles que, maduros em fraudes, inventam votos que não tiveram. Não fosse desmascarado a tempo, no Brasil um aprendiz de feiticeiro teria usado da mesma manobra ilusionista para camuflar o dinheiro das jóias árabes para se esconder nos Estados Unidos. Ele fez isso depois de ter sua principal mágica (o golpe de 8 de janeiro de 2023) descoberta pelo distinto e, às vezes, deslumbrado público brasileiro, ocasionalmente chamado de eleitor.
Resumindo o espetáculo circense envolvendo o quebra-quebra nada cenográfico do Senado, do Supremo e do Palácio do Planalto, o Mágico da Praça dos Três Poderes soltou seus ratos e ratazanas na Praça, mas pipocou. Sem imaginação alguma, não conseguiu sequer encantar as cobras do Cerrado. Antes dele, o ilusionista estadunidense perdeu a varinha de condão quando convocou os “deuses” do inferno para manipular seguidores, patriotas, discípulos, prosélitos, sectários e forças naturais e sobrenaturais com coragem para também invadir prédios públicos e ameaçar quem estivesse a favor da democracia. Também falhou, pois mágicos sem cartola são iguais aos ratos fora do bueiro: não conseguem enganar o povo nem o gato.
No Brasil e nos EUA, a ideia era uma só: alterar o resultado das eleições presidenciais. Profissionais em mentiras e perseguição a adversários, ambos, porém, não passam de amadores na aplicação de crenças, rituais ou ações empregadas com objetivo de subjugar pessoas. Se pudesse um tête-à-tête, diria aos dois que, em casa de malandro agulha, o esperto tem de entrar com a cueca furada e com a frente para trás. Independentemente do desfecho da eleição venezuelana, sugiro que os fracassados ex-presidentes brasileiro e norte-americano esqueçam temporariamente as fingidas e enganadoras críticas e leiam pelo menos as páginas um e dois da cartilha de Nicolás Maduro.
Especialista em trapaças, craque em embustes, mestre no quesito silêncio dos opositores e perito na arte de fraudar eleições, Maduro é o verdadeiro mágico eleitoral das Américas. Por isso, ele deve ser invejado nos bastidores pelo diabão dos EUA e pelo capetão do Brasil, que deixaram a escola do presidente da Venezuela bem antes da diplomação. Não se formaram, mas invejam o modus operandi do camarada ditador. Eis a razão pela qual eles preferem associar o baratinado venezuelano a Joe Biden e a Luiz Inácio, mandatários que, embora façam jus à série de adjetivações que recebem, jamais trabalharam contra a democracia.
Ao contrário de Biden e de Lula, os dois falsos e astutos algozes de Nicolás ainda não se manifestaram publicamente. Estagiários em falcatruas eleitorais, imagino que, para eles, o melhor é evitar dizer que, no domingo (28), mais uma vez o ditador venezuelano se escondeu atrás das câmeras para surripiar votos na frente dos observadores internacionais. Perderiam o discurso usado para atacar quem os derrotou em 2020 e em 2022. Estelionatário de sufrágios, podre, imprestável e odiado por 99% do planeta, Nicolás Maduro continuará comandando uma ditadura disfarçada de democracia, nos mesmos moldes da que seria aplicada no Brasil caso nosso mágico não fosse uma farsa política. Farsa por farsa, pelo menos o fraudador venezuelano é assumidamente um presidente ilegítimo, ilegal e imoral.
Sem a divulgação das atas, ele sabe que não foi eleito para um terceiro mandato. Também tem consciência de que, saindo da Venezuela, é um zero à esquerda. Melhor dizendo, à direita, pois, fora a Rússia e a China, o mundo globalizado não o reconhece como mandatário. Até mesmo o argentino Javier Milei o ignora. Ator de peso nessa novela mexicana da vizinha Venezuela, Luiz Inácio Lula da Silva ainda não se manifestou. Tomara que não demore muito. Enquanto isso, maduro é a Mona Lisa dos trópicos, algo como a rainha da Inglaterra de calças. O Brasil estaria na mesma situação caso a soberba não tivesse furado a cartola do mágico da Praça dos Três Poderes.
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978