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Mudança de hábito

Agosto chega trazendo vento e frio para praieiros

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Autor/Imagem:
Karolyne Alcântara - Foto Acervo Pessoal

O mês de agosto no Nordeste brasileiro é tradicionalmente associado ao vento forte e às chuvas esparsas, características que trazem um intervalo para o calor típico da região. Para os praieiros, aqueles que vivem próximos ao litoral e têm a praia como parte essencial do seu cotidiano, essa mudança climática é sentida de maneira específica.

As manhãs começam com o barulho das ondas batendo mais forte na areia, o vento uivando entre as casas e os coqueiros dançando uma coreografia frenética. O céu, muitas vezes azul e sem nuvens, dá lugar a um cinza que anuncia a chegada da chuva. E quando ela vem, não é uma chuva qualquer: é uma chuva fria, que penetra nos ossos e faz os praieiros retirarem seus casacos dos armários.

Para muitos, essa época do ano traz uma nostalgia doce. É o momento de se reunir com a família em torno de uma mesa, tomando um café quente ou um chocolate, enquanto observam uma tempestade pela janela. As crianças, que normalmente correm descalças e despreocupadas pela areia, agora se encolhem embaixo de cobertores, ouvindo histórias dos mais velhos sobre outros agostos.

Os vendedores ambulantes, que dependem do movimento nas praias para garantir seu sustento, enfrentam dias mais difíceis. As barracas de coco, as bancas de artesanato e os quiosques de comida típica ficam mais vazios. Mesmo assim, há uma resiliência na comunidade praieira que não se reduz facilmente. Eles sabem que o vento e a chuva de agosto são passageiros e que logo o sol voltará a brilhar com força total, trazendo de volta a vida vibrante das praias nordestinas.

As barracas, tão movimentadas nos meses anteriores, agora abrigam poucos frequentadores. Os comerciantes se adaptam, oferecendo bebidas quentes e petiscos que aquecem o corpo e a alma. O som das risadas e conversas animadas dá lugar ao barulho das gotas de chuva caindo nas lonas e ao som do vento assobiando entre as palmas dos coqueirais.

Para muitos, agosto é um momento de introspecção. As caminhadas à beira-mar se tornam mais reflexivas, e o céu nublado parece convidar uma pausa para pensar na vida. Os surfistas, no entanto, encontram nas ondas revoltas uma oportunidade. As condições adversas se transformam em um desafio bem-vindo, e eles se lançam ao mar em busca da onda perfeita para o esporte preferido.

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