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Clássico é clássico

Guerreiras valentes promovem jogo com harmonia e festividade

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Autor/Imagem:
William R.F. Ramires - Foto Produção Irene Araújo

Conheci uma garota que logo de cara me disse: sou goleira. Aquilo me pegou desprevenido, não tinha uma bola na hora, senão chutava para ela defender, mas a jovem toda animada acabou revelando que no fim de semana jogaria. Seria um grande e importante clássico. Fiquei curioso, estava numa pequena cidade do interior da Bahia, tentava entender o que ela queria dizer com clássico?

Acabei ficando muito ansioso para chegar logo o fim de semana.

Os dias foram passando vagarosamente e por todos os lados as casas e comércio se enfeitavam para a partida, cores amarelas de um lado e azuis de outro.

Nas ruas comecei a ouvir conversas acaloradas sobre qual time ganharia. Aquilo foi ficando interessante e minha curiosidade só crescia. Estava com uma expectativa alta para o grande evento. Afinal, clássico é clássico.

Só uma questão me preocupava: para qual lado torceria? A moça não revelou que cor defenderia, nem deixou escapar nada; ela, quando a conheci, usava uma camiseta preta.

Notei que uma loja vendia camisetas amarelas e azuis e tinha outras camisetas que eram com as duas cores, meio a meio. Pelas ruas algumas pessoas usavam o uniforme bicolor. Não pensei duas vezes, entrei na loja e comprei a vestimenta com as duas cores.

Até tentaram me explicar a importância do jogo, mas estava tão fascinado com aquilo que não conseguia compreender. Queria ver o que aconteceria, fiquei bem animado com aquele especial jogo no domingo.

Enfim chegou.

Me dirigi para o singelo estádio, seria um jogo em campo oficial. A arquibancada era pequena, mas muito animada. Logo entendi a divisão; um dos lados estava tomado pela torcida azul e do outro lado, amarelo, atrás dos gols estava a torcida mista, bicolor. Fui para trás de um dos gols.

Logo as garotas entraram em campo. Primeiro o time de azul, houve gritos de louvor, bandeiras agitadas, o lado azul da arquibancada se animou, até fogos de artifícios foram estourados. Naquele momento os lados misto e amarelo todos aplaudiam, não havia vaias, achei aquilo muito empolgante. O time amarelo entrou, a mesma animação explosiva ocorreu do lado amarelo, o restante do estádio aplaudia.

O jogo começou.

As garotas jogavam muito bem e logo os gols começaram a sair. Era uma festa só, em todos os gols. As comemorações contagiavam o público; não tinha como ficar indiferente, e não importava o lado, todos comemoravam.

Aquelas meninas fizeram um verdadeiro espetáculo, fiquei no primeiro tempo, atrás do gol da garota que me falou do jogo, a moça era um muro, defendia tudo, mas com bolas no ângulo, ficava difícil até para o melhor goleiro do mundo.

Quando os times mudaram de lado, percebi que a goleira ficou no mesmo gol, não entendi muito aquilo, mas fui notando que a maioria das meninas jogava nos dois times. Isso justificava os gritos do público em todos os gols, não importando o lado.

Foi uma experiência gratificante. No final do jogo ninguém sabia mais o placar. No entanto, depois do apito final, houve uma grande confraternização, com churrasco e banda, onde todos que estavam no estádio participaram. Amarelos e azuis, lado a lado, com as jogadoras guerreiras e valentes, numa harmonia e festividade que varou a noite.

Afinal, clássico é clássico.

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