Salvação do mundo
Voto consciente representa liberdade, igualdade e democracia
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emAproveitando a proximidade das eleições municipais, quando serão eleitos 5.568 prefeitos e vices e 123 mil vereadores, vale reiterar que o voto é a principal arma dos 152,7 milhões aptos a votar em outubro próximo. Nunca é demais saber que a política, que começa nas cidades, é a arte de se comunicar, construindo relacionamentos inteligentes para desenvolver projetos inovadores para o bem de todos. Em outras palavras, o modo inteligente para mudar a política é não deixar que os políticos brinquem com nossa inteligência. Na disputa que se avizinha, ainda teremos o fantasma da polarização rondando nossas cabeças.
Por isso, também é bom lembrar de uma das mais brilhantes teses de Voltaire. Segundo o escritor e historiador francês, aquele que não podemos criticar é justamente o que só pensa em nos controlar. Voltando a 2018 e a 2026, basta uma boa palavra para alcançar um bom entendedor. Com a devida consciência, o voto deve representar a liberdade, a igualdade e, sobretudo, a democracia. É fundamental que votemos certos de que a política e os políticos são para servir ao povo e não ao interesse de algumas categorias de pessoas ou de pessoas sem categoria.
Tenhamos como prece do despertar o mantra de que o dia em que isso ocorrer a política se tornará a salvação do mundo. Resumindo, qualquer caminho fora da consciência e o voto secreto terá consequências claras, desanimadoras e, provavelmente, desastrosas. É por isso que novamente valho-me da máxima de que podemos reclamar de nossos políticos, mas jamais devemos esquecer que fomos nós que os colocamos nas casas de leis municipais, estaduais e federais. Desde que o mundo é mundo, política não faz milagres e os políticos não são santos. Entretanto, é fundamental que os homens de poucas palavras sejam mais bem avaliados. Hoje, fala-se muito e pouco se faz.
De modo a não cometer erros de um passado bem recente, precisamos cada vez mais falar sobre política. E para fazê-la não há necessidade de ser governante ou uma figura de autoridade. Basta prezar e atuar pelo bem do povo. Quase na metade da terceira década de um novo milênio, penso ter chegado a hora da revisão dos valores dos homens públicos, os quais, muito mais do que o clamor pelo poder, deveriam ser obrigados a trabalhar por mais justiça, verdade e decisões de alcance geral. Afinal, a verdadeira política é aquela que se importa com todas as formas de vida.
Ainda há muita coisa por fazer, principalmente na tensa relação Executivo-Legislativo. Juntos, ambos têm a obrigação de distensionar, desativando urgentemente o modo ódio de classes. Presidente da República, governadores, prefeitos, senadores e deputados precisam lutar contra o processo de desconstrução de ideias. Como inspiração de todo político consciente e foco prioritário, o povo é o maior objetivo. Usar os plenários da Câmara ou do Senado como ringue imaginário para uma contenda surreal é o mesmo que transformar o mandato em reality do tipo topa tudo por dinheiro.
Políticos são adversários e não inimigos. Como estabelece o Aurélio, a função do legislador é legislar. Façam isso. Quem quiser mandar no governo e, de forma deliberada, comandar os destinos do Brasil que tenha um pouco mais de paciência e aguarde 2026, quando poderá tentar se eleger presidente da República. Até lá, a tarefa comum é cumprir com a promessa de promover políticas públicas de alcance geral, inclusive daqueles que discordam das propostas dos atuais governantes.
*Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras