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Vírus, vírus, vírus

The Stand, baseada na obra de Stephen King, mostra que a morte é uma dança

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Autor/Imagem:
Beth Albuquerque - Foto Reprodução

Baseada no livro A Dança da Morte, de Stephen King, a série televisiva The Stand é uma daquelas histórias que nos obriga a confrontar o que há de mais profundo em nossas angústias e esperanças.  Com conteúdo de um épico apocalíptico, a série, lançada em 2020, adapta uma das mais icônicas obras do autor, originalmente publicada em 1978. Em um tempo onde as distopias parecem estranhamente familiares, The Stand torna-se ainda mais relevante.

A premissa é simples, mas devastadora: um vírus letal, conhecido como “Capitão Viajante”, dizima 99% da população mundial. O mundo, então, se divide entre sobreviventes escolhidos para um embate moral e espiritual. De um lado, temos os guiados por Mãe Abagail, uma senhora de 108 anos que simboliza a bondade e a luz. De outro, Randall Flagg, o sinistro homem de preto, encarnação do caos e da destruição.

A série transporta o espectador para um cenário de pesadelos e escolhas extremas, onde o destino da humanidade se decide não tanto por força ou ciência, mas por questões éticas e espirituais. É uma alegoria poderosa sobre o bem e o mal, sobre o que escolhemos ser quando tudo que conhecemos é destruído.

Visualmente, a série explora o vazio e a desolação de um mundo pós-apocalíptico, com cidades desertas, rodovias abandonadas e a onipresença do medo e da desesperança. Esses cenários sombrios ressaltam a fragilidade da civilização. Tudo o que construímos, toda nossa tecnologia e cultura, desaparecem em um instante quando o apocalipse bate à porta.

Mas talvez o que mais impressione em The Stand seja a profundidade de seus personagens. Cada sobrevivente carrega suas próprias cicatrizes e lutas internas, e o verdadeiro embate se dá dentro deles. A série, como o livro, questiona: quem somos quando não há mais leis? Quando somos confrontados com nossos piores medos, escolhemos o altruísmo ou nos rendemos ao egoísmo? A adaptação para a televisão, com suas nuances e silêncios, permite que o público reflita sobre essas questões enquanto segue a jornada dos protagonistas.

Muitos críticos apontaram que a série, com sua estrutura narrativa fragmentada, pode confundir. No entanto, essa escolha reflete o próprio caos do mundo que King imaginou. Afinal, a história de The Stand não é linear, assim como a recuperação de um mundo devastado tampouco seria.

No contexto contemporâneo, em um mundo que recentemente enfrentou sua própria pandemia global, The Stand parece mais um espelho distorcido do que uma fantasia distante. A natureza do mal, o poder da fé e a fragilidade das sociedades humanas são temas que se tornaram assustadoramente atuais. E assim, a obra de King, tanto na sua forma original quanto na sua adaptação televisiva, continua sendo um poderoso conto de advertência sobre os extremos da condição humana.

No final, o que The Stand nos pede é que, ao confrontar as forças sombrias – sejam elas internas ou externas – escolhamos, ainda que seja difícil, o caminho da humanidade. Pois é nessa escolha que reside a nossa verdadeira redenção.

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