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Vocíferos sentidos

Casa vazia silencia as camas sem o roçar dos corpos doidos

Publicado

Autor/Imagem:
Álvaro Eduardo Guimarães Salgado - Foto Produção Francisco Filipino

De onde estou não posso ouvir os seus sons. Os seus ruídos. De que é feita uma casa? Argamassa, ferro fundido? Mais gemidos?

Daqui posso imaginar o silêncio de seu corredor. As janelas fechadas e o som da chuva a bater nas telhas e no chão cimentado. E as rolinhas ainda vão em busca de comida?

Vazia das pessoas que a habitam nesses dias, há de gemer em ruídos tristes. Saudosa das vozes amigas e dos vocíferos sentidos, as camas sem o roçar dos corpos doidos, a casa se perde em seu sentido.

Qual o sentido de uma casa vazia? O grande espelho sem poder refletir o semblante humano e o sorriso?! O fogão apagado e as mesas desocupadas de suas funções do dia a dia?!

Qual um coração que sangra partido, uma casa se esvazia e perde a vida quando não há quem a habite.

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