Cisco nos olhos
Na metáfora política, empurraram Chapolin e Chaves para o Z4
Publicado
emFosse uma disputa por pontos corridos e a esquerda liderada pelo Partido dos Trabalhadores estaria bem próxima da rabeira. Na verdade, trata-se de uma metáfora, mas a esquerda já está dentro dela, isto é, na zona do agrião, hoje também conhecida por Z4. E se fosse uma metafórica contenda sexual? Aí a direita sem volantes do tipo brucutus seria puro êxtase. Já a esquerda romântica e ultrapassada teria de se contentar com a velha imagem do corpinho de puro prazer e sedução. Pelo menos, o que se assemelhava a um conflito de dona de bordel com rufião parece ter sido banida dos gramados convencionais e sintéticos da política sagrada e profana do Brasil.
Por falar em disputa de fanáticos, para sorte do Brasil, em briga de saci não tem pernada. Derrotados, vaiados e chamados de invertidos pelos torcedores das organizadas mais violentas do país, os dois principais técnicos estão sem rumo. Dizem por aí que, na banheira e batendo cabeça por onde passa, um deles perdeu, mas passa bem. Está se cuidando com doses cavalares do chá de picão-preto, indicado como auxiliar no tratamento sintomático de icterícia transitória. Para quem sofre ou sofrerá do mesmo mal, é picão-preto para dentro já nos primeiros sinais de urina, pele, olhos e números eleitorais amarelados.
Nos sinais secundários, a recomendação é mais radical: caixão, vela preta e muita 51 para espantar todo sintoma de mau olhado, espinhela caída, unha encravada e, principalmente, paumolescência, tida e havida como a doença daqueles que caem e nem com reza braba conseguem se levantar. Na literatura médica, também está escrito que, para cisco nos olhos superiores e no inferior, nada melhor do que um espelho. A ideia é se posicionar em frente ao dito cujo e perguntar em voz alta: Onde foi que eu errei?
Como não represento bordel algum e não exploro as moças de vida difícil, sugiro para o técnico da esquerda aquela velha tese do compositor paulistano Paulo Vanzolini: “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”. Mas faça isso antes que, mais do que o protagonismo de anos anteriores, os fiéis cumpanheiros do Nordeste querido lhe tirem o cafuné no baixo ventre prometido para a eternidade. Certo ou errado, ele sabe que em briga de pedra, garrafa não entra. Pretenso dono de um rebanho de touros, ovelhas e hienas desdentadas que resolveram fugir do cercadinho em disparada, o outro manager passou o fim de semana literalmente tirando o coturno e as calcinhas pela cabeça.
Abaixo da zona de rebaixamento, ele e seu escrete, que outrora parecia um chiclete de tão colante, lembram hoje o roupeiro e os aprendizes de massagista de partes pudendas de equipes sub-17 da periferia do Paraguai. O gado evacuou enrolado no Pavilhão Nacional, deixando para trás um rastro de capim seco misturado com pólvora, cujo resultado foi a estrondosa vitória do cidadão que, com cara e jeito de mineiro, comeu pelas beiradas e, desfazendo o que muitos diziam dele, certamente será em breve rebatizado estrambolicamente de Liz Foley e de Lucas Trado, nomes com os quais homenageará os que foram e não voltaram. O fato é que os ex-técnicos varonis perderam seus membros mais capacitados. Isso o Brasil inteiro viu.
Aliás, até o Clodo viu o técnico dos trabalhadores com o martelo no banheiro lembrando do José Serra. Voltando às más línguas, ouvi dizer que o comandante do coturno começou a desarmar a tenda quando tomava um Nesquik, enquanto a Jojo Todynho e a Cláudia Leitte. Que bom que elas também sumiram da Globo Lixo. Melhor assim. Fora da TV, Chapolin parece ter perecido. Chaves permanece no poder e, até por falta de adversário uniformizado, ainda tem uma chance de levantar o caneco. Afinal, se todos morrem uma vez só, a Alanis Morrissette. Quem sabe não é o caso do moço velho. Já o outro, de longe, finge que não morreu. De um lado, o Kassab enche o balde e, de outro, o Valderrama. E dá-lhe Valdemar, o dono do partido que derrubou o tico-tico sem dar um único tiro. Metáforas à parte, dizem, por fim, que ele deve reunir em breve a Executiva do PL para dar o grito definitivo: “Esse cara sou eu”.
*Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras