8 de janeiro
Anistia mira Bolsonaro, que aposta em Trump e fica de olho em Lula
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emUma eventual vitória de Donald Trump nas eleições americanas pode ter um impacto significativo na política brasileira. O cenário que se desenha cruza o calçadão da Praça dos Três Poderes, indo do Palácio do Planalto ao Supremo, tendo o Congresso Nacional no meio. No centro de tudo, a figura do ex-presidente Jair Bolsonaro, que poderia ser incluído no bojo do projeto de anistia aos patrocinadores do 8 de janeiro.
A matéria foi retirada da CCJ por Arthur Lira, presidente da Câmara. Uma nova comissão será formada por um grupo de 30 deputados. E até que isso aconteça, especialmente em relação ao passar uma borracha em tudo o que aconteceu imediatamente após a posse de Lula, muita água escorrerá debaixo da ponte.
Se Donald Trump retornar à Casa Branca, o impacto certamente ecoaria no cenário político tupiniquim, uma vez que ele sempre manteve uma relação simbiótica com figuras de destaque na política da direita brasileira, como Jair Bolsonaro. A retórica agressiva, o nacionalismo econômico e a oposição a pautas progressistas que marcaram a administração trumpista já serviram de inspiração e legitimaram abordagens semelhantes no Brasil.
Uma possível volta de Trump poderia reforçar a confiança dos grupos de direita e ultraconservadores no Brasil, oferecendo respaldo ideológico e, possivelmente, apoio diplomático ou econômico. Esse apoio impulsionaria partidos e lideranças de direita, que poderiam usar a vitória do líder norte-americano como prova de que há espaço para o fortalecimento desse viés político no mundo e no Brasil. Além disso, com Trump na liderança, políticas internacionais poderiam pressionar a agenda econômica e geopolítica brasileira, promovendo uma visão de “soberania” nacionalista e de “liberdade” em moldes mais restritivos.
Ao mesmo tempo, uma possível volta de Trump também ampliaria a polarização e a resistência de grupos progressistas, que veriam na reemergência desse movimento conservador um motivo para intensificar sua oposição. Portanto, o Brasil poderia ver um acirramento do cenário político, reforçando a divisão entre direita e esquerda, com um possível aumento de manifestações e movimentos de ambas as vertentes.
Dentro do PT, a manobra para anistiar suspeitos do 8 de janeiro é vista com cautela. Há uma divisão sobre como lidar com a possível candidatura de Bolsonaro. Alguns acreditam que seria mais fácil derrotá-lo nas urnas do que enfrentar nomes emergentes da direita, como Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, que desponta como um possível candidato.
Em última análise, a influência de uma liderança internacional como Trump pode tanto inspirar quanto polarizar, influenciando a própria natureza das eleições e políticas futuras no Brasil. Como 2026 é logo ali; como Lira parece ser paciente a ponto de aguardar o que virá lá da América do Norte; como Jair Bolsonaro é um eterno otimista; e, ainda, como conselho e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, o lógico é esperar mais alguns dias para ver no que vai dar. Todos sabendo de antemão, claro, que a sucessão aqui pode dar zebra.