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Geraldo Seabra Escreve

Sogra de padre-prefeito espanca blogueiro após denúncia de nepotismo

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Autor/Imagem:
Geraldo Seabra - Fotos Reprodução

A nomeação da sua esposa Viviane Facundes para o cargo de secretária de Obras e Serviços Públicos de Gravatá, no agreste de Pernambuco, distante 95 quilômetros do Recife, acabou em caso de polícia para a administração do prefeito Padre Joselito (Avante). Depois que o Ministério Público exigiu a demissão da primeira-dama, o caso foi parar no blog do radialista Marivan Melo, de quem a sogra do prefeito vingou-se com uma surra de barra de ferro.

Quando o blogueiro chegava em casa, foi recebido por Mauricéia Facundes, sua vizinha, a golpes de uma barra de ferro e uma corrente que trazia presa ao braço. A agressão teria sido motivada pelas constantes denúncias feitas em seu blog sobre casos de corrupção, práticas de suborno e outras irregularidades na Prefeitura de Gravatá, culminando sobre o suposto caso de nepotismo com a nomeação da primeira-dama para titular da Secretaria de Obras e Serviços Públicos.

A sogra do prefeito agrediu Marivan quando ele estava estacionando o carro em frente à própria casa. De acordo com relato do blogueiro, ele foi atingido na cabeça, nas costas e no braço com uma barra de ferro. Para se defender da agressão, protegeu-se por trás do próprio carro e gravou a agressão em vídeo divulgado em suas redes sociais.

“O que me surpreendeu, e por isso digo que a coisa foi premeditada, foi que ela estava com uma barra de ferro na mão e com uma corrente enrolada no ferro e na mão para que o ferro não se soltasse. E ela dizia: ‘eu vou te matar’”, relatou Marivan Melo ao Diário de Pernambuco no dia seguinte ao atentado.

Além dos golpes com a barra de ferro, o blogueiro relatou que também foi atingido pelo carro da irmã da primeira-dama, Michelle Facundes, que chegou no local pouco tempo depois das primeiras agressões. O radialista tentou se proteger dentro de um mercadinho, mas antes foi atingido no rosto. Ele teve os óculos quebrados e sofreu ferimentos.

Segundo Marivan, as agressões foram motivadas após uma denúncia feita nas redes sociais dele sobre recomendação dada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) à Prefeitura de Gravatá para o afastamento da primeira-dama, Viviane Facundes, do comando da Secretaria de Obras e Serviços Públicos, um dos mais cobiçados cargos da administração municipal.

No dia 22 de outubro, o Promotor de Justiça de Gravatá, Adriano Camargo Vieira, determinou ao prefeito Padre Joselito que no prazo máximo de dez dias exonerasse sua esposa “abstendo-se de nomeá-la para outro cargo ou função pública para o(a) qual não possua qualificação técnica e experiência…. com a finalidade de cessar ato lesivo à Administração Pública e ao erário”. O prazo venceu no último sábado, 1º, mas a exoneração não ocorreu até a publicação deste texto.

Tanto o Padre Joselito, quanto sua sogra e sua esposa-secretária não se manifestaram sobre o episódio. A defesa das agressoras, mãe e filha, no entanto, disse que o blog de Marivan Melo pratica acusações sem prova e é uma “usina de fake news”. Sobre a agressão, disse que como a primeira-dama goza de uma medida protetiva contra o blogueiro, a sogra reagiu diante da sua presença nas proximidades da sua residência.

Padre Joselito e Viviane Facundes são casados e têm três filhos: Maria Fernanda, Luiz Fernando e Maria Luiza. O casal se conheceu na igreja, quando Viviane queria ser freira. Ela começou a trabalhar na secretaria da paróquia e acabou se aproximando do padre, uma vez que ambos cantavam na igreja. Eles chegaram a namorar escondidos por um tempo, até assumir o relacionamento.

Aos 63 anos, ele foi reeleito no último dia 6 de outubro com 63,4% dos votos válidos e em janeiro iniciará seu segundo mandato à frente da prefeitura de Gravatá. Sua eleição, tendo por vice João Paulo (PSB), ocorreu com uma grande coligação, formada pelos partidos PP, PSB, AVANTE, PDT, AGIR, PT, PCdoB e PV.

Joselito é o segundo padre a comandar a prefeitura de Gravatá. O primeiro foi o Cônego Paulo Cremildo Batista de Oliveira (1977/1982), conhecido como Padre Cremildo. Antecessor de Padre Joselito na Paróquia de Sant’Ana, igreja matriz de Gravatá, Cremildo fez-se prefeito nos anos de chumbo, como candidato do antigo MDB combatendo os abusos da ditadura militar (1964-1985).

Sua eleição foi no dia 15 de novembro de 1976, sobre o candidato da ARENA (Aliança Renovadora Nacional), partido de sustentação da ditadura. Apesar dos poucos recursos do município, marcou sua administração com obras importantes, como a construção de escolas, especialmente na zona rural; de postos de saúde com atendimento odontológico; de calçamento em várias ruas na zona urbana. Ainda construiu pontes, mesmo que um tanto rudes, facilitando o acesso dos moradores da zona rural; favoreceu a eletrificação de algumas áreas na zona rural, construiu e reformou praças.

Até hoje em Gravatá Padre Cremildo é lembrado com reverência, até mesmo por históricos adversários políticos, por ter realizado um governo irretocável, do ponto de vista da moralidade, da ética e do trato para com a coisa pública. Ele contratou durante sua administração um serviço de som, através do qual fazia prestação de contas diariamente à população sobre a receita e a despesa, quem nomeou, quem demitiu, enfim, de tudo o que ocorria na prefeitura.

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