Estudo da Kantar
Saúde mental e física está remodelando hábitos de consumo dos latinos
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emQuando o assunto é saúde e bem-estar, nem sempre com o que as pessoas dizem se importar condiz com o que fazem a respeito. É o que aponta o primeiro e mais abrangente relatório do gênero feito pela Kantar, empresa de dados, insights e consultoria, para a América Latina.
A partir de mais de 15 mil entrevistas em 10 mercados – América Central (Costa Rica, Guatemala e Panamá), Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru –, a pesquisa Decoding Wellness –#BodyMindPlanet Latam Edition 2024 tem o objetivo de ajudar a ver a relação entre bem-estar e consumo além dos números.
“Os dados comportamentais desse novo estudo correlacionam o que os latino-americanos dizem sobre seu bem-estar com o realmente fazem a respeito, sendo um guia para o complexo panorama das percepções sobre saúde. Entender a lacuna entre intenção e ação pode revelar barreiras ocultas, necessidades não ditas, motivações inesperadas e ainda desmistificar mitos”, comenta Kesley Gomes, Panel Voice Director Latam da Kantar.
Intenção vs. Ação
Os latino-americanos entendem que eles mesmos são responsáveis por sua saúde. Tanto é que 86% declaram que seu bem-estar está em suas próprias mãos. Quando se trata de agir, no entanto, os dados apresentam um número relevador, mas não surpreendente: apenas 58% dizem se envolver proativamente com sua saúde mental. E ainda menos (55%) investem esforços na saúde física.
Vale notar também que apenas 55% das pessoas sentem que estão indo bem ou muito bem em ambas as frentes – saúdes física e mental. Esses números variam significativamente na região, indo de 68% na Colômbia para 39% na Argentina. O Brasil aparece na média, com 56%.
Observa-se também que o fator econômico de cada País pode impactar no processo do bem-estar. Nações com o maior índice de bem-estar apresentam uma variação positiva de volume de bens de consumo comprado no último trimestre de 2024, como Colômbia (alta de 7,7 pontos percentuais) e Brasil (incremento de 3,9 p.p.).
Um dos principais motivos para as pessoas não agirem, por sua vez, é o custo dos produtos saudáveis. Embora os consumidores na América Latina estejam ansiosos para adotar estilos de vida melhores, 52% sentem que estão sendo impedidos de fazer as escolhas certas por causa dos altos valores praticados.
Eles também apontam como obstáculos a variedade limitada (37%), a falta de confiança de que o produto seja realmente saudável (30%) e a dificuldade de encontrar itens da categoria nas lojas (25%).
Fatores comportamentais
Fatores comportamentais também impactam a busca por uma qualidade de vida melhor. Nesse contexto, o estresse é o principal impacto negativo, atingindo 59% dos latino-americanos. O consumo de tabaco (53%) e de álcool (52%) e a privação de sono (48%) aparecem logo em seguida.
Outro fator que merece destaque é o controle de peso – preocupação para 44% dos latino-americanos. Para se manterem saudáveis, 87% das pessoas dizem seguir uma dieta balanceada e 38% recorrem aos exercícios físicos. O uso de vitaminas (64%) e suplementos de colágeno (62%) também tem presença significativa. Além disso, há uma pequena parcela (3%) que declara usar medicamentos – um tema polêmico que tem Ozempic como expoente.
Ainda é importante mencionar que 24% dos latino-americanos apontam que as condições climáticas impactam seu bem-estar – algo que está muito relacionado com tudo o que vem se vivendo nos últimos anos – e, por fim, 9% dizem que o envelhecimento é um ponto de preocupação.
De acordo com o estudo, conforme as pessoas envelhecem, elas passam a se preocupar mais com doenças. Embora hipertensão (50%) e diabetes (49%) sejam as condições que mais afligem os latino-americanos, os incômodos da saúde feminina também ganham destaque, com 21% das pessoas relatando sintomas de menopausa.
“Todos esses desafios de saúde e bem-estar destacam um paradoxo da vida moderna. Os shoppers reconhecem que a saúde mental é tão crucial quanto a física, mas muitas vezes se sentem mal equipados para gerenciá-la. Para as marcas, isso representa uma oportunidade para fornecer benefícios funcionais à saúde e, ao mesmo tempo, em sintonia com os aspectos emocionais e psicológicos da vida do consumidor”, salienta a especialista.