Nós, veterinários
Juninho, meu amigo da Rural, apareceu na capital
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emJá faz um tempão que me formei em medicina veterinária lá na UFRRJ (Rural), onde, nos últimos semestres do curso, conheci o Juninho. De cara, surgiu aquela empatia e a amizade floresceu. A vida, no entanto, nos levou para caminhos distintos, mas não nos separou, mesmo porque, não importa o quão demore, nos esbarramos por este país imenso chamado Brasil.
Lembro-me de uma passagem que tivemos lá na Rural. Estávamos no churrasco da minha despedida da universidade, quando o Juninho apareceu com um violão debaixo do braço. Isso, aliás, foi uma surpresa, pois não sabia que ele era músico. E dos bons, como constatei naqueles idos.
— Edu, tem alguma música que você curta?
— Tem várias, mas me deu vontade de ouvir “Johnny B Goode”.
Na verdade, não botei muita fé que ele soubesse tocá-la. Ledo engano, pois o Juninho fez uma performance mais icônica do que as do Chuck Berry e do Marty McFly.
Depois que saí da Rural, encontrei o meu amigo outras vezes. Numa delas, ele disse que estava a caminho do Tocantins. Anos após, eis que ele me manda uma mensagem dizendo que estava em Manaus. Pois é, Manaus!
Há alguns anos, o Juninho me falou que havia se mudado para Vitória e, assim que tive oportunidade, fui visitá-lo. Eu estava passando alguns dias em Guarapari com a Dona Irene e a minha filha do meio, a Mariana, e, então, fomos até a capital capixaba. Momentos de muita emoção, ainda mais porque o Juninho ainda guardava o mesmo violão daquele churrasco lá na Rural.
— Durmam aqui em casa, Edu! Tem espaço e, se não tiver, damos um jeito.
— Não dá, Juninho, pois preciso trabalhar depois de amanhã. E tem muito chão ainda pra chegar.
Mais uma vez, meu parceiro e eu nos despedimos. Isso aconteceu há quase dez anos. Promessas de novas visitas, que não se cumpriram, até que, nesses dias, recebi uma mensagem do Juninho.
— Edu, tô em Brasília. Se você estiver por aqui, quero te dar um abraço.
É incrível como as coisas acontecem. Há três anos resido em Porto Alegre. Todavia, por força dos astros, eis que cheguei à capital do país nesses dias para resolver algumas coisas com meus colegas do Notibras.
O encontro se deu em um bar na Asa Norte. Muitas recordações, muitas novidades, muitas gargalhadas. O Juninho estava sem o violão, mas prometeu que, da próxima vez, não o esquecerá. Ah, ele está de mudança para outro país. E, assim que nos despedimos, ele gritou:
—Edu, te espero no Uruguai!
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*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.