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Juca, o gato do Daniel Marchi com faro literário
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emDia desses, estava trocando ideias com o poeta e escritor Daniel Marchi, o Dan, que divide comigo o comando da editoria Café Literário aqui do Notibras. A conversa prosseguia tranquila, mesmo sendo por chamada de vídeo. No entanto, eis que algo inesperado aconteceu, e não pense você que tenha sido problema no sinal da internet. O imbróglio era outro, que tem nome e até sobrenome: Juca Marchi.
Para colocar o leitor a par sobre esse tal Juca, aviso logo que não se trata do filho do meu amigo. Quer dizer, não no sentido genético, já que o dito cujo é um gato. Na verdade, como todo ser humano que convive com bichanos, o Dan sabe que ele não é o dono do Juca, mas simplesmente seu escravo. Isso, aliás, parece ser sina de escritores.
Peraí! Não tenho gatos, mas cachorras: a Bebel e a Clarinha. Será, então, que, para alcançar o nirvana da literatura, preciso arrumar um felino? Deixemos essa dúvida para outra ocasião, mesmo porque o que se passou me parece ser muito mais digno de nota e, talvez, do seu agrado.
— Edu, olha que coisa interessante.
— O quê?
— Para poupar tempo, peguei o metrô na Cinelândia e fui até o Catete. Só que me aconteceu uma coisa.
— O quê?
— Esqueci meu celular no escritório.
— Hum…
— Mas o pior ainda estava por vir.
— O quê?
— Ideias começaram a pulular minha mente.
— Para contos e crônicas?
— Sim, e também para poemas.
— Hum…
— O problema é que sempre anoto tudo no celular,
— Hum…
— Por sorte, sempre carrego um bloquinho no paletó.
— Hum…
— Anotei todas as ideias para não esquecer.
— Que bom!
— Vou ler o que escrevi. Minuto.
Enquanto o Dan se afastou do computador, comecei a me distrair com a Bebel e a Clarinha, minhas buldogues, até que ouço um lamento em voz humana. Voltei os olhos para a tela e pude ver o meu amigo diante do Juca. Apertei os olhos para enxergar melhor e constatei que o felino estava com míseros pedaços de papel ao seu redor.
Sem ter muito o que fazer a não ser juntar todos aqueles pedacinhos de folha, o meu amigo retornou para frente do computador. Ele parecia resignado e até esboçava certo alívio. Isso, aliás, me deixou intrigado.
— Caramba, Dan, dessa vez o Juca pegou pesado.
— Que nada, Edu! O Juca sabe o que faz, pois nasceu com excelente tino literário.
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