Os compadres
Quim e Tião, pitadores e contadores de ‘causos’, ficaram para a eternidade
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emBem por trás das montanhas, onde as cachoeiras jorram água cristalina, moravam dois compadres inseparáveis, Quim e Tião. Já com mais da metade da vida vivida, o tempo só fez aumentar sabedoria e o humor daqueles dois.
Quim, um homem com 1,60 de altura, um chapéu de palha aba larga, era muito conhecido por suas estórias.
Nas noites claras da lua, no banco da beira do terreiro, todos escutavam atentos às estórias recheadas de mistérios.
O sorriso era farto, o cigarro de palha na boca, e os causos só aumentavam. Ele contava da sua mocidade, das namoradas…
Por sua vez, Tião era quieto, mas tinha um sorriso encantador. Era apaixonado por cuidar da terra; ele sabia e conhecia cada detalhe de tudo cultivado ali, desde a cebolinha verde até o pau Brasil. Conhecia os nomes e gênero de cada planta.
Os compadres eram vizinhos desde crianças de escola, eram mais que amigos, quase irmãos. Eles trabalhavam sol a sol cuidando das lavouras, além de ajudar os vizinhos nas necessidades.
Era bonito ver aquela amizade, sempre regada de boa conversa, verdade e prosa com café e pito. Numa noite fria de inverno, animados, resolveram fazer um forno grande, redondo, para colocar madeira e assar grandes tabuleiros de pães de mandioca.
Quim, como sempre, a cabeça que organizava e Tião punha em prática, muito habilidoso ia tecendo as carreiras de tijolos e contando a estória. Logo o forno estava pronto, pra começar eles anunciaram para as famílias reunidas ali que todos poderiam usar o forno. As primeiras fornadas de pães foram produzidas pelas mulheres de Quim e Tião.
Então nas noites seguintes cada família levava seu tabuleiro de pão para assar. Enquanto isso eles contavam estórias e fumavam seus cigarros de palha.
A vida seguia boa, todos alegres, felizes, ninguém tinha medo ou insegurança, pois ali a vida era de paz e harmonia. Logo a comunidade toda se encontrava nas tardes para assar pães, escutar estórias e ouvir música ao toque da sanfona de Quim e Tião, dois compadres que ficaram para a eternidade.