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Sobradinho II

É tempo de pipa (mesmo com os brinquedos eletrônicos)

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto de Irene Araújo

Tempo de pipa! Meu irmão adorava tal época, quando o céu ganhava novos coloridos na Cidade Maravilhosa. Eu, o caçula, tratava de acompanhá-lo, mesmo que soltar pipa nunca tenha sido meu forte. Na verdade, achava uma brincadeira meio chata, ainda mais porque sempre fui muito mais afeito a ir para praia.

Pois bem, eis que no último domingo, quando estava visitando meus sogros em Sobradinho II, fui dar um passeio para conhecer a área. Apesar da discrepância entre as paisagens candangas e cariocas, eis que algo me fez lembrar da minha infância. É que havia um pequeno aglomerado de pessoas soltando pipa ou, como dizem aqueles que residem lá em Niterói, cafifa.

Em plena época de aparelhos celulares repletos de aplicativos, de jogos eletrônicos e tantas outras coisas para ocupar o povo, eis que constatei que ainda há esperança para a humanidade. Entre crianças, adolescentes e adultos, o assunto eram três varetas cobertas por papel de seda, uma rabiola e a linha com o melhor cerol. Quem bobeasse era cortado, e a pipa voava sem rumo, enquanto um bando corria para ver quem a pegava. Tá na mão!

Não sei por quanto tempo fiquei ali observando aquela galera. Talvez tenham sido alguns minutos ou quase uma hora. Realmente não sei, perdi a noção do tempo. Meu irmão, agora um sessentão, certamente gostaria daquilo. Não duvido, correria para fazer uma pipa e colocá-la bem lá no alto. Afinal, é tempo de pipa!

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*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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