Objetos transcendentes
Livro, delírio, suspiro… e na volta à loja de usados, censura
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emEu tenho arrumado os livros (delírio)
Tiro de uma prateleira (sem ordem)
E coloco em outra (com ordem)
Sobram espaços (vazios)
Reponho tudo no mesmo lugar (bagunço a ordem)
Desmonto prateleiras e chamo o homem dos móveis (usados)
Vendo tudo e retorno à loja (usada)
Compro os livros (de volta)
Nada me faz tão ocupado (culpado)
Eu tenho arrumado os livros (delírio)
Busco espaços imaginários que esperam (livros)
Prateleiras estantes transcendentes (objetos)
Habitantes de um lugar de passagem (paisagem)
Novamente me agito e troco tudo de espaço (lugar)
Desmonto as prateleiras (re) invento (desafio)
A síndica pendura o cartaz no hall (censura)
‘PROIBIDO LIVROS’
Jogo os livros na rua (saída)
Lugar de passagem (paisagem)
Territórios inexistentes me perseguem (transcendência)
Eu tenho arrumado os livros (delírio)
A polícia chega e em seguida os bombeiros(desenredo)
A ação é fulminante e duas filas (jornada)
Numa os livros algemados no camburão (opressão)
Noutra os livros amontoados na grande pilha (combustão)
Penso em silêncio (inconclusão)
Enfim conseguiram prender a imaginação (confusão)
Ligo o computador e teclo com o mundo (imundo)
Tão bom ser Deus (digitalização)
Prepotência e delírio de grandeza (aspereza)
Explico que meus livros estão algemados e outros em risco (hospício)
Ninguém responde na linha do front (desmonte)
Eu tenho arrumado os livros (delírio)
A síndica invade meu apartamento (tormento)
Ela e o carrinho de tijolos (objetos)
Ordena e monto a prateleira (controle)
A nova estante na sala de jantar (remoto)
Nela exponho os tijolos (organizo)
Lado a lado tijolos não livros (agonizo)
Eu tenho arrumado os livros (persisto)
Eu tenho desarrumado os lixos (insisto)