Pisada na bola
Luna, Juca e a comemoração do primeiro ano de namoro
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emEra nítido o imbróglio em que aqueles dois felinos estavam metidos. Luna, notoriamente a inteligente da dupla, miava impropérios dirigidos ao Juca, cujos olhos azuis não pareciam transmitir qualquer confiança.
— Tu é mesmo um cachorro, Juca!
— Luna, meu amor, não precisa pegar tão pesado assim. Cachorro?
— Cachorro e sarnento!
— Mas o que eu fiz agora, minha querida?
— E você ainda me pergunta? Olha pra onde você me trouxe justamente no nosso aniversário de um ano de namoro.
— Minha flor, é que as outras lixeiras já estavam reservadas. O que sobrou foi esta aqui em frente à casa da dona Martinha.
— Justamente a velha mais muquirana da rua! Nem espinha de sardinha tem neste lixo.
Juca percebeu que havia pisado na bola, bem como não tinha para onde correr. Olhou ao redor e se lembrou do Chinelo, o mais famoso rato da região. Com um salto, já estava na calçada em direção à toca da sua presa. Enquanto isso, Luna ficou observando o namorado. Ela tentou adivinhar o pensamento do Juca, até que percebeu que o gajo parou ao lado da residência do Chinelo.
Imóvel por mais de meia hora, Juca acabou entediado pela falta de expectativas. Foi aí que observou um bilhete preso à pequena porta. Sem entender ratonês, o felino retornou para lixeira, onde Luna ainda o aguardava. Ele sabia que a amada era poliglota e, então, lhe entregou o bilhete.
— Minha flor, o que está escrito aí?
— Hum!
— O que foi?
— Melhor ficar por aqui no lixo da dona Martinha, Juca.
— Ué, por quê?
— Aqui diz que o Chinelo tirou férias e foi curtir uma praia no Rio de Janeiro.
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