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O que é identidade nacionalista e como ela afeta soberania do país?

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Autor/Imagem:
Antônio Albuquerque, Edição, com Sputniknews - Foto Reprodução

Qual é o significado da palavra “identidade” no contexto da política e como ela afeta a soberania dos estados? Irina Semenenko, doutora em ciência política com assento na Academia Russa de Ciências, responde a essas perguntas em uma entrevista à revista Scientific Russia.

O conceito de identidade chegou à ciência política a partir da psicologia no século XX, na época em que o termo “crise de identidade” foi cunhado por Erik Erikson, explica Semenenko.

Nas ciências políticas, esse conceito ganhou destaque quando pesquisadores que trabalhavam na análise de processos políticos se esforçaram para explicar por que certos processos ocorrem da maneira que ocorrem e o que os molda.

Segundo ela, o conceito de identidade é interessante não apenas pelo seu “potencial analítico”, mas também pelo fato de ser um raro exemplo de um conceito migrando da ciência política para os assuntos públicos.

Como as pessoas são “criaturas sociais”, suas crenças e valores pessoais são moldados na comunicação, incluindo a comunicação política, com outras pessoas, observa Semenenko.

“Identidade em latim significa tanto ‘Eu sou como os outros’ quanto ‘Eu não sou como alguns dos outros’”, ela diz. “Assim, identidade é um significado que permite que as pessoas se autoposicionem, para traçar uma fronteira entre elas e aqueles com os quais se associam, e aqueles com os quais não concordam. Uma pessoa, portanto, se posiciona em um sistema de valores e coordenadas sócio-políticas.”

Identidade pessoal à parte, continua Semenenko, há também identidades coletivas e de grupo, já que as pessoas geralmente pertencem a uma comunidade. Há identidade nacional (ou seja, a qual nação uma pessoa pertence); identidade cívica, um conceito complexo não limitado a apenas ser cidadão de algum país e que pode ou não envolver ativismo cívico.

Há também uma identidade política, “situada em uma fronteira entre identidades estaduais ou nacionais e cívicas”; uma identidade geracional, que se torna especialmente importante para as pessoas quando entram no período da adolescência; e uma identidade profissional, quando as pessoas se identificam com um determinado grupo profissional ou corporação.

“Todas essas identidades são formadas, elas não surgem sozinhas do nada – elas se formam em interações sociais. E certos poderes políticos podem influenciar essas interações sociais. A ciência política, entre outras coisas, estuda mecanismos de política de identidade”, diz Semenenko.

Ela também ressalta que a identidade constitui a base da “soberania sociocultural” do país. Se as pessoas vinculam seu futuro, o futuro de suas famílias e de seus filhos, ao desenvolvimento do país em que vivem ou desejam viver, isso se torna uma base para a soberania, pontua Semenenko, porque “a soberania é baseada na ideia de desenvolvimento”.

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