Fumaça dissipada
Wellington Luiz manda apagar fogo amigo sobre candidatura ao Buriti
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emLançaram Wellington Luiz à sucessão de Ibaneis Rocha. O presidente da Câmara Legislativa, porém, foi o último a saber. Procurado por correligionários, o deputado reagiu surpreso. “Eu?! Tô fora. Faço parte de um grupo político e não há decisões monocráticas. Minha maior preocupação hoje é manter a harmonia entre todos os poderes. Inclusive aqui no MDB” – partido que ele preside no Distrito Federal.
Wellington Luiz, segundo manifestações de representantes de outras esferas, está certo ao adotar uma posição de cautela. Mas é certo que, como número 1 da legenda que abriga o governador Ibaneis Rocha, maior expressão política da capital da República, o deputado terá voz ativa quando conversas on, e não em off, começarem a encaminhar os debates sobre o próximo ocupante do Palácio do Buriti.
Velha raposa, cauteloso, o presidente da Câmara Legislativa aprendeu ao longo da sua vitoriosa carreira que no teatro da política, onde as máscaras escondem mais do que revelam, o “fogo amigo” é o ator principal de muitas intrigas. Ele sabe, por exemplo, que não há necessidade de inimigos declarados quando os aliados carregam bombas nos bolsos e um barril de pólvora ao alcance das mãos.
Nas muitas vezes em que estive com o deputado, veterano de muitas campanhas eleitorais, observei isso em seus olhos e de sua boca ouvi metáforas bem fundamentadas. Uma das assertivas de Wellington Luiz é a de que a política é como um jogo de xadrez. Porém, costuma enfatizar, “as peças, nesse tabuleiro, mudam de lado sem avisar”.
No entorno do presidente da Câmara, o entendimento é o de que essa prematura candidatura visa minar e estremecer sua base de apoio por causa de uma canoa furada. Como lealdade é parte inegociável do seu vocabulário, Wellington Luiz desautoriza municiar o fogo amigo, por entender que isso só enfraquece alianças e cria brechas para os opositores avançarem.
– É um jogo perigoso, em que todos saem queimados, mas alguns acreditam que a fumaça justifica o risco”, disse a Notibras um interlocutor do parlamentar. E pontuou: “Não podemos nos deixar dividir por intrigas, porque na política a verdade é um luxo ao qual poucos se dão ao prazer”.
Esse episódio envolvendo Wellington Luiz deixou claro que em Brasília, a prática de dividir para conquistar nunca foi tão literal. O presidente do MDB regional sabe, porém, que o fogo amigo não é apenas uma tática; é um reflexo da fragilidade das alianças construídas sobre interesses pessoais. E, como em toda chama, há sempre o risco de queimaduras mais do que se pretendia atingir.