Curta nossa página


Bolsonarismo vivo

Se Jair ficar de fora, Flávio assume legado e enfrenta Lula em 2026

Publicado

Autor/Imagem:
Marta Nobre - Foto de Arquivo

Lula estava politicamente morto em uma cela de Curitiba, até que o Supremo Tribunal Federal promoveu o milagre da ressureição. Jair Bolsonaro também pode acabar no mesmo cenário de cova rasa, como seu sucessor. Mas, como o Judiciário brasileiro faz coisas que até Deus duvida, nada impede que o ex-presidente, hoje indiciado, embora (por ora) não condenado, vire o jogo e tenha revogada a cassação dos seus direitos políticos. Na eventualidade4 de isso acontecer, o Brasil assistirá em 2026 a um folhetim do tipo A Revanche.

Porém, como o tempo é curto, e considerando que potenciais adversários de Luiz Inácio Lula da Silva tendem a buscar uma supostamente fácil reeleição em seus estados, Jair Bolsonaro começa a acariciar uma carta na manga. Esse Ás de Ouro atende pelo nome de Flávio Bolsonaro, o Filho 01 do clã bolsonarista, senador pelo Rio de Janeiro. O parlamentar, sempre que procurado, desconversa sobre a possibilidade de enfrentar Lula nas urnas no próximo ano. Contudo, ele é daqueles que – para usar um jargão militar – missão dada é para ser cumprida.

Hoje a candidatura é uma mera hipótese, diante principalmente do quadro jurídico-político. No entanto, começa a ser costurada com fios firmes, porque a sucessão está batendo nas portas. E a opção de Jair Bolsonaro em fazer de Flávio o nome capaz de herdar seu legado, tem lá seus motivos. O ex-presidente coloca na balança, particularmente, virtudes que vê no 01: capacidade de articulação, habilidade em mobilizar apoio político, experiência na gestão legislativa, defesa de pautas conservadoras alinhadas ao seu eleitorado e, ainda, proximidade e influência com diferentes setores de governos, se não no âmbito federal, com certeza nos estados.

No íntimo, pessoas próximas a Flávio admitem que o filho mais velho de Bolsonaro contempla o horizonte do Planalto, onde um dia seu pai chegou triunfante. E a Brasília dos monumentos e das sombras políticas agora é palco de sua própria travessia. Herdeiro de um nome que já moveu multidões e polarizou paixões, ele, se aceitar a missão, assumirá a tarefa hercúlea de apresentar ao eleitor o que foi feito no Brasil entre 2019 e 2022.

Mas esse legado é também um fardo, mesmo que não tão pesado. Daqui a pouco menos de dois anos, na hora de votar, o eleitor, folheando a memória recente com os dedos calejados, se perguntará se valerá insistir na esperança – vista por muitos como promessa vã movida a crises financeiras e sociais -, ou se apostará na volta de um sobrenome que ainda ressoa como um trovão, apesar de produzir um eco de saudade e dúvida.

Aliados já desenham uma narrativa para Flávio emplacar, onde se destaca a retomada das promessas de Bolsonaro e a redenção do povo. O mote será algo do tipo “vamos retomar o Brasil de (e da) verdade”, embora todos saibam, com os pés no chão, que há um mosaico de cicatrizes, como a pandemia e conflitos institucionais. O lado bom é que se sente no ar a inquietação de uma juventude cada vez mais exigente, mais independente e menos subordinada ao discurso progressista.

Flávio sabe que se entrar na disputa caminhará em um campo minado. Ele precisa convencer não apenas os eleitores fiéis que ainda vestem verde e amarelo com fervor, mas também os céticos, os que se afastaram, os que enxergam nele não o salvador, mas um entusiasta, um visionário capaz de honrar a palavra, e não um mero espelho do pai.

Na semana que começou no domingo, 12, Flávio Bolsonaro estava nos Estados Unidos, aproveitando o recesso parlamentar. Foi a um culto onde a protagonista era a pregadora Chantell Cooley, fundadora e presidente da Columbia Southern University, com sede em Orange Beach, Alabama. Ao lado do bispo JB Carvalho, da Igreja Comunidade das Nações, ela fez uma profecia impactante: o senador “receberá um novo manto, uma capacitação espiritual e estratégica, que o posicionará como uma peça-chave na restauração da direita e no processo de retorno ao comando da Presidência da República”.

Chantell foi mais além, ao sublinhar que Flávio “será preparado por Deus para atuar com sabedoria, discernimento e firmeza, desempenhando um papel central nesse novo tempo”. Tempo, aliás, que está chegando. Quem esteve presente ao evento conta que ao ouvir essas palavras, o Filho 01 olho para o relógio, ergueu a cabeça para o Céu, fechou os olhos e orou.

……………………

Marta Nobre é Editora-Executiva de Notibras

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.