Bahia
Fedor do Lixo enche os cofres do União Brasil
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emNo pátio lotado de interesses escusos, o Rei do Lixo é a figura central de um enredo tão sujo quanto o objeto de seu negócio. Marcos de Moura, o autoproclamado “gari milionário”, não é apenas um personagem caricato do submundo administrativo; é também a chave para entender como o resíduo político pode contaminar até os alicerces de uma legenda.
Em Salvador, a coleta de lixo é mais do que uma necessidade urbana – é um mercado bilionário onde contratos superfaturados se multiplicam como sacos plásticos ao vento. Moura, com sua frota de caminhões e seu carisma predador, conseguiu abocanhar um contrato que ultrapassa a linha do razoável. Mas a sujeira não para por aí. Suspeita-se que seu “império do lixo” se expanda para outras cidades comandadas por prefeitos do União Brasil, transformando o partido em um verdadeiro lixão político.
A polícia da Bahia, em sua tentativa de desenterrar a verdade, encontra um rastro de licitações viciadas, notas fiscais infladas e uma coreografia de cumplicidade que envolve gestores municipais, lobistas e, claro, o Rei do Lixo. Enquanto isso, o cheiro da corrupção exala para muito além dos limites estaduais.
O irônico é que a dinâmica do lixo é uma metáfora perfeita para o que se tornou parte do sistema político: algo aparentemente destinado à limpeza – seja da cidade, seja das instituições –, mas que, em mãos erradas, torna-se fonte de sujeira ainda maior. O União Brasil, que deveria ser um espaço para a pluralidade e a democrática gestão dos recursos públicos, corre o risco de se consolidar como a legenda do descarte – tanto de práticas éticas quanto de dinheiro público.
Entre sacos pretos e contas vermelhas, o Rei do Lixo levanta a questão: será que a coleta seletiva também pode ser aplicada ao campo político? Separar o joio do trigo, ou melhor, o lixo reciclável do resíduo tóxico, é urgente. Enquanto isso, os caminhões de Moura continuam circulando, enchendo-se não apenas de detritos urbanos, mas também de milhões desviados de um povo que paga caro para viver em meio ao entulho da corrupção.