Ibotirama, que perdeu Doutor Djalma, caminha para ser polo turístico

Ibotirama, cidade acolhedora às margens do Rio São Francisco, carrega em suas memórias a presença marcante de um homem que veio para curar, mas deixou muito mais que saúde. Doutor Djalma Almeida Bernardes, como uma brisa que atravessa o sertão, chegou nos anos setenta, trazendo de Cabrobó, Pernambuco, o desejo de cuidar dos seus confrades nordestinos. Em sua figura de médico, havia também um líder, um amigo e, acima de tudo, um homem apaixonado por sua nova terra e por seu povo.

A vida, com suas ironias, levou Doutor Djalma cedo demais, vítima de um enfarte que interrompeu sua jornada, mas não apagou sua marca. O destino, em um jogo cruel, repetiu-se com Emílio, seu filho médico. Entretanto, o legado de esperança e dedicação não se perdeu. Djalma Jr., outro filho, herdou o mesmo espírito inquieto e sonhador, mas traçou caminhos diferentes. Onde o pai curava corpos, ele vislumbrou a cura da alma de uma cidade inteira.

É nas margens do Velho Chico, onde o pôr do sol pinta de ouro as águas calmas, que o sonho de Djalma Jr. começa a ganhar forma. Ao seu lado, o fiel escudeiro Matheus Dias. A visão dos dois de transformar Ibotirama em um polo turístico pulsa com força. A reforma do Plaza Hotel, com sua arquitetura barroca imponente, é mais que um gesto físico; é um símbolo de renascimento, um convite para que o mundo conheça as belezas e o calor humano do oeste baiano.

Djalma Jr. acredita que o turismo não é apenas uma oportunidade econômica, mas uma forma de manter viva a memória de seu pai e de tantos outros que dedicaram suas vidas à cidade. Na praça, ao lado da igreja matriz, o burburinho de crianças brincando e idosos conversando parece ecoar o espírito de Doutor Djalma. Ibotirama, como ele sonhou, vibra de vida.

Quem passa pela cidade entende que, entre o passado de cuidados e o futuro de esperanças, Ibotirama segue em frente. Doutor Djalma permanece vivo na lembrança de quem o conheceu e na visão de quem, como seu filho, não se contenta com o que é, mas luta pelo que pode ser. Porque, afinal, Ibotirama, como o próprio São Francisco, é um rio de histórias, que nunca para de correr.

…………………………………………..

José Seabra é Diretor da Sucursal Regional Nordeste de Notibras