Dinda, do Guará II, era da zoeira com os netos

Jocasta, apesar de já beirar as 80 velinhas, era muito atenta às novidades da língua portuguesa. Por isso, não perdia tempo de prestar atenção nas conversas dos netos, que, vez ou outra, iam visitá-la, lá no Guará II. Garotada esperta e conhecedora da boa comida preparada pela avó, que era carinhosamente chamada de Dinda.

Reunião de família, então, era uma festa. Enquanto os adultos conversavam assuntos dos crescidos, Dinda aproveitava a oportunidade para se misturar aos miúdos.

— Dinda, a senhora é mesmo da zoeira.

— E não era pra ser, Jorginho?

— Tem mais que ser mesmo, Dinda. A senhora é firmeza.

Nisso, Lúcia, filha da Dinda e mãe do Jorginho, passou pelo grupo e tentou se enturmar.

— Mãe, a senhora não vai ficar com a gente?

— Mais tarde, Lúcia. Prefiro ficar aqui com a minha galera.

— Mãe, mas nós também somos sua galera.

— Ih, Lúcia, adulto é cheio de treta.

— Mãe!

— Ah, Lúcia, depois vou lá ficar um pouquinho com aquele povo abestado.

— Mamãe, vai lá e deixa a Dinda aqui com a gente.

— Tá bom, Jorginho!

Assim que Lúcia deu as costas, Alice, a neta mais nova, mostrou uma fotografia da gatinha adotada por ela e pelos pais.

— Olha, Dinha, esta é a Fifi.

— Iti malia!

— É muito linda, né, Dinda?!

— Alice, a Fifi é a coisa mais fofa! Tô rosa-chiclete!

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Eduardo Martínez é autor do livro 157 Contos e Crônicas por um Autor Muito Velho’

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