Futebol discrimina mulheres com salários mais baixos

No futebol, como na vida, nem sempre o jogo é justo. E, quando se trata de dinheiro, as regras costumam beneficiar os mesmos de sempre. A mais nova demonstração dessa velha prática veio com a divulgação do ranking dos 100 jogadores de futebol mais bem pagos da história. Um desfile de cifras astronômicas, contratos milionários e salários que fariam qualquer magnata franzir a testa. Mas uma ausência gritante chamou atenção: não há uma única mulher na lista. Nenhuma. Zero. Neca de pitibiriba.

Ora, dirão os defensores do status quo, o mercado é soberano, e os valores refletem a audiência, o retorno publicitário e a tradição. Mas a pergunta que ecoa pelo gramado da reflexão é: por que, em pleno século XXI, o futebol feminino ainda luta para ser visto como algo além de um parente pobre do masculino?

A resposta está na estrutura que historicamente relegou as mulheres ao papel de coadjuvantes no esporte. Durante décadas, foram impedidas de jogar, de treinar, de sonhar com o profissionalismo. No Brasil, o veto durou de 1941 a 1979, um absurdo que atrasou gerações de craques. Enquanto isso, os homens iam se consolidando como os donos da bola, tanto dentro quanto fora de campo.

Hoje, temos jogadoras de talento inquestionável, como Marta, Alex Morgan e Sam Kerr, que arrastam multidões e acumulam prêmios, mas seguem ganhando uma fração do que recebem jogadores medianos do masculino. A disparidade salarial não se sustenta apenas na audiência, mas também na resistência em investir e dar visibilidade ao futebol feminino.

O ranking dos 100 mais bem pagos apenas escancara o que já sabemos: a bola ainda não rola com igualdade para todos. Mas a torcida pela mudança cresce a cada drible, a cada gol, a cada estádio lotado por mulheres que provam, dentro das quatro linhas, que seu talento vale muito mais do que dizem os números.

E se o jogo fosse mesmo justo, talvez, ao invés de um “Bola fora!”, estivéssemos celebrando um golaço da equidade?