Menino X
Em nome do Pai, Elonzinho vai à Casa Branca e demite Donald Trump
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Às vésperas do Carnaval e da premiação do Oscar, Elonzinho, o filho de Elon Musk, tirou a máscara do pai e, de quebra, se cacifou ao prêmio de melhor ator mirim do ano. Sem script, sem maquiagem, sem rodeios, ao vivo e em cores, ele roubou a cena e fez o que boa parte do povo norte-americano quer fazer: mandou Donald Trump calar a boca e, no Salão Oval da Casa Branca, recomendou que ele fosse embora. Não sei se em nome do pai, mas certamente em nome do Pai, na prática Elonzinho, que também atende por X Etc Júnior, demitiu publicamente o recém-empossado presidente dos Estados Unidos, o robô do planeta amarelo. Para onde Elonzinho for, tem meu voto.
Não consegui apurar se o menino de 4 anos também pediu a Trump a cadeira para o pai, o Elonzão. Constrangedoramente, tudo indica que sim. Tentei um contato via rede X com o baixinho, mas não tive retorno. Azar o meu. O fato é que as crianças não têm medo da verdade. Por isso, dizem o que querem e não mentem. Portanto, está provado que os norte-americanos ainda irão chorar rios de lágrima pela escolha que fizeram. Antes que inundem os 50 estados do país, a população do mundo certamente já terá quitado todas as suas penitências.
A sorte do planeta é que quem gosta de cantar de galo no alambrado um dia vira frango e volta para o poleiro. Por enquanto, a Casa Branca de tantas histórias e personalidades marcantes virou um cercadinho para um cidadão que lembra um daqueles cachorrinhos de madame. Ele não tem condições de sobreviver sozinho nas ruas como um vira-lata. Só rosna rodeados de pessoas obsoletamente servis. Os brasileiros já viram esse filme. O cercadinho, os rompantes leoninos e a sede de poder eram o mote principal parte do enredo.
Enferrujado e grimpando por falta de óleo de peroba, o astro da película está fora de cena. E dela deve ficar afastado por longo tempo. Resta à trupe raivosa encontrar um coadjuvante menos servil e socialmente mais operante para tentar dar seguimento à obra que não passou do alicerce. Contudo, mesmo longe dos palcos, ninguém poderá acusá-lo de plágio porque, apesar do tempo em que está político e dos ensinamentos do mestre do ódio, ainda se comporta como um aprendiz.
Com argumento personalista, centralizador e ultrapassado, o tal filme se perdeu nas prateleiras dos “patriotas” retrógrados e, provavelmente, seguirá das estantes para o arquivo morto, também conhecido por lixeira. Como cidadão que tem horror à soberba, aos chiliques e, principalmente, aos salamaleques temporários, tenho pena dos adultos que não tiveram infância. São eles que crescem, recebem poder e esquecem que tudo é passageiro. Por força da arrogância, não têm tempo de perceber que a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Eis a razão pela qual a peça que apresentam normalmente termina sem aplausos.
Assim como seu discípulo tupiniquim, Donald Trump não quer ouvir falar sobre o passar do tempo, o melhor autor de nossas vidas e responsável por sempre encontrar um fim perfeito. Elonzinho ainda não teve oportunidade de informar a Elonzão que a simplicidade não é uma coisa simples. Preferiu começar por cima. Pelo menos mostrou ao presidente da maior nação do planeta que, do mesmo modo que fala o que quer, ele pode ouvir o que não quer. Muito mais do que divertida, a republicana frase de Elonzinho para o insuportável Trump passará para a história como recado dado: “Por que você não vai embora?” Enquanto escrevo, relembro Gonzaguinha e fico com a pureza das crianças.
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*Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras
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