Atrasado no bloquinho
Planalto corre contra o tempo para tentar colocar a casa em ordem
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O governo só tem dez meses para resolver ainda este ano os problemas que se acumularam até aqui. Na economia, houve demora nas ações para conter a inflação dos alimentos. E as incertezas só aumentaram com as ameaças de Trump de taxar produtos agrícolas, madeira, etanol, aço e alumínio. Neste sentido, as medidas tomadas na quinta-feira (6), que incluem a isenção de tributos de importação sobre alguns produtos, redução do ICMS, incentivos no Plano Safra, além do fortalecimento dos estoques reguladores, são fundamentais para conter a escalada dos preços. A dúvida é qual será a posição do agronegócio em relação a essas medidas e a força do governo para sustentá-las.
No plano político, Lula escalou Gleisi Hoffmann para a estratégica posição de ministra das Relações Institucionais, cuja missão é retomar a popularidade e garantir o projeto de reeleição. A dúvida é se Gleise, que leva na testa a estrela do PT, terá a malemolência exigida para negociar cargos, emendas e palanques com o centrão, ora cedendo, ora esticando a corda, sem jamais rompê-la. Outra dúvida é se ela saberá conviver em paz com Haddad. Até porque os projetos de Haddad dependerão das negociações de Gleisi para serem aprovados no Congresso, especialmente a conclusão da reforma tributária e a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda.
Esta última, ao lado da proposta de extinção da escala 6×1 são as apostas da bancada do PT este ano para recuperar a popularidade. Mas, por ora, o Congresso segue quase parado, e nem a Lei Orçamentária de 2025 foi aprovada. Isso porque o governo não resolveu o problema de como contemplar a base aliada. O centrão espera ?pra ontem? que novas peças sejam mexidas dentro do governo, mas Lula parece não ter pressa.
O único alívio do centrão foi o acordo alcançado com o STF que destravou a maioria das emendas. Porém, uma Câmara sob nova direção bagunçou os acordos feitos por Arthur Lira na distribuição das presidências de comissões, atrasando o início dos trabalhos. O principal impasse é que o PL quer abocanhar a CCJ e a Comissão de Relações Exteriores, o que entravaria a tramitação dos projetos do governo no Congresso e serviria de vitrine para o bolsonarismo.
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Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile produzem o Boletim O Ponto para o Movimento dos Sem-terra
