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A jornada contra o agro

Mulheres sem terra iniciam marcha denunciando violência no campo

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Autor/Imagem:
Antônio Albuquerque - Foto Divulgação/MST

Em continuidade às ações de mobilização e lutas do 8 de março por todo o país, este ano as mulheres Sem Terra realizam sua Jornada Nacional de Lutas de 2025, com o lema ”Agronegócio é violência e crime ambiental, a luta das mulheres é contra o capital!”. As atividades ocorrem entre os dias 11 a 14 de março, em todas regiões do país, período em que serão apresentadas à sociedade as principais bandeiras de lutas e demandas das mulheres do Campo, das Águas e das Florestas.

Durante este período as mulheres se reúnem em encontros, mutirões de plantios, formações, marchas e protestos, denunciando as violências que o agronegócio perpetua, na expropriação dos corpos femininos e territórios; bem como, no envenenamento dos povos e da terra, na mercantilização dos alimentos e da natureza, secando rios, ceifando vidas, produzindo fome, desigualdades e aprofundando a crise ambiental.

A Jornada é uma forma de enfrentamento coletivo contra os mandos e desmandos do agro-hidro-mínero-negócio, exigindo que esse modelo seja responsabilizado por seus crimes contra a humanidade e contra o meio ambiente.

Nesse modelo de produção capitalista que reproduz uma sociedade de relações patriarcais de gênero e racista, o controle da força de trabalho perpassa pela expropriação das mulheres e de sua humanidade, principalmente as negras.

Quando as mulheres Sem Terra se colocam em luta, seja nas ocupações dos latifúndios, nas marchas, nos processos de formação ou acampamentos pedagógicos elas se colocam frontalmente contra o capital, questionando seus pilares de sustentação. Quando realizam plantios de árvores, enfrentam a violência, constroem processos agroecológicos e feministas, e anunciam que outro modo de organizar a vida é possível, e que este se estrutura em outras bases humanas e ecológicas.

O agronegócio se apresentar como “AGRO TECH, AGRO POP, AGRO TUDO”, vendendo um discurso de “celeiro do mundo”, e modelo de desenvolvimento, é uma forma de esconder sua verdadeira face de agroexportador de commodities, que gera violência, fome, destruição da natureza, além de se apropriar de terras públicas e dos bens comuns; dos recursos públicos, como financiamentos e isenções. Esse modelo de monocultura e uso intensivo de agrotóxicos, também não produz comida para alimentar a população brasileira.

Como alternativa viável a esse modelo destruidor, durante a Jornada as camponesas pautam a importância da Reforma Agrária Popular como um caminho essencial para vencer as mazelas provocadas pelo capital, como a crise climática, a fome e as violências no campo e na cidade.

As mulheres Sem Terra também denuncia a violência contra as mulheres e meninas que segue avançando no Brasil. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de feminicídios em 2023 foi o maior já registrado na série histórica do país: 1.463 mulheres foram assassinadas em um ano. Essa situação de violência também atinge as camponesas nas áreas de Reforma Agrária.

O Brasil ocupa a quinta posição global em mortes violentas de mulheres, atrás apenas de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. E os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública também constatam que os estados das fronteiras agrícolas consolidadas ou em expansão estão entre os mais violentos contra as mulheres e as pessoas LGBTI+.

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