Um olhar sobre a realidade
Mortalidade infantil desafia políticas públicas da União e dos Estados no Nordeste
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Nas viagens que faço pela vastidão do Nordeste brasileiro, onde o calor do sol parece tocar cada pedaço de terra com sua intensidade, observo que a realidade da mortalidade infantil é um reflexo das desigualdades que ainda marcam a região. A taxa de mortalidade infantil, que aponta o número de óbitos de crianças menores de 1 ano para cada mil nascimentos, continua sendo um dos maiores desafios enfrentados pelas famílias nordestinas, apesar de avanços em diversos setores da saúde e da educação.
Em muitas dessas cidades, a infância é uma fase marcada pela luta constante pela sobrevivência. A falta de acesso a cuidados médicos adequados, a pobreza e a precariedade das condições de saneamento básico, somados a uma escassez de políticas públicas efetivas e de infraestrutura, fazem com que a mortalidade infantil se torne um indicador doloroso de que ainda há muito a ser feito.
Impacto da pobreza
A pobreza é, sem dúvida, um dos maiores vilões quando se trata da mortalidade infantil. No Nordeste, o índice de pobreza extrema ainda é alarmante, e muitas famílias vivem sem acesso a uma alimentação saudável e sem os cuidados médicos necessários. Em áreas mais remotas, onde a medicina de qualidade está distante, a falta de hospitais adequados e de profissionais especializados faz com que um simples problema de saúde em um recém-nascido possa se transformar em uma tragédia.
A mortalidade infantil, por vezes, é resultado direto da falta de acompanhamento pré-natal adequado, da falta de vacinação e da escassez de médicos em locais mais afastados. As mães, muitas vezes jovens e sem condições financeiras, enfrentam uma série de dificuldades para garantir que suas crianças sobrevivam. Nesses casos, a morte de uma criança não é apenas uma tragédia pessoal, mas um reflexo das falhas estruturais que ainda permeiam a região.
Avanços e desafios
Nos últimos anos, algumas cidades nordestinas têm dado passos importantes para melhorar a qualidade de vida de suas populações, incluindo a redução das taxas de mortalidade infantil. Programas de vacinação, acesso ao pré-natal, ampliação da rede de saúde e ações de saneamento básico têm contribuído para avanços significativos.
No entanto, os desafios persistem. A falta de investimentos em áreas críticas como a saúde e a educação, a migração de profissionais da saúde para centros urbanos e a desigualdade social continuam a ameaçar os avanços conquistados. A sensação é de que, apesar dos esforços, a luta contra a mortalidade infantil no Nordeste ainda é um jogo de resistência.
O futuro
Ao olhar para o futuro, a redução da mortalidade infantil no Nordeste depende, mais do que nunca, de uma ação integrada entre governo, sociedade civil e profissionais da saúde. A garantia de melhores condições de vida, o fortalecimento dos programas de saúde pública, o combate à pobreza e a ampliação do acesso à educação são passos fundamentais para um amanhã onde as crianças nordestinas tenham mais chances de viver.
Enquanto isso, as mães nordestinas seguem, muitas vezes, com a esperança de que, no fim, o calor do sol e o sorriso dos seus filhos sejam testemunhos de uma luta que vale a pena, mas que, ao mesmo tempo, exige mais do que simples promessas: exige ação.
