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Parte 1

Drácula (Bram Stoker) e as conexões com a Alquimia

Publicado

Autor/Imagem:
Marco Mammoli - Texto e Imagem

O romance Drácula (1897), de Bram Stoker, é uma obra-prima do terror gótico que não apenas estabeleceu a figura do vampiro moderno, mas também contém camadas simbólicas profundas. Uma dessas camadas pode ser interpretada à luz da alquimia, tanto em seu aspecto filosófico quanto em sua simbologia esotérica.

A estrutura narrativa do romance e a jornada alquímica têm vários pontos em comum. A alquimia medieval cristã, não era apenas uma protoquímica medieval, mas também um sistema filosófico e espiritual que buscava a transmutação da alma. Por que cristã? A alquimia medieval cristã é um campo fascinante que reflete a intersecção entre a ciência, a filosofia e a espiritualidade durante a Idade Média.

Suas origens remontam à antiguidade, com influências do Egito e da Grécia, e tradições como o gnosticismo e o neoplatonismo. Ela surge, entre os séculos XII e XVI, do sincretismo entre os conhecimentos alquímicos antigos e a doutrina cristã. Alquimistas como Ramon Llull, Albertus Magnus e Paracelso contribuíram para essa evolução, misturando princípios alquímicos com ensinamentos cristãos.

Essa denominação foi usada para diferenciar essa prática dos enfoques mais esotéricos ou pagãos da alquimia. Ou seja, sincretismo para sobreviver ao poder instalado. A integração com a teologia cristã e o objetivo espiritual de transformação interior alinhavam-se com a doutrina cristã de redenção e salvação, seu objetivo final era a obtenção da Pedra Filosofal, que conferiria a imortalidade e a purificação. Além disso, teve um papel significativo no desenvolvimento da química moderna e da filosofia ocidental.

Seus símbolos e metáforas continuam a influenciar a arte, a literatura e a psicologia até os dias de hoje. Mas, retornemos ao romance. Sua estrutura se encaixa nesse paradigma, obter a imortalidade e a purificação. Podemos dividir essa estrutura nas fases alquímicas, sempre ela, da Opus Magnun Alquímica. Toda a descrição da viagem de Jonathan Harker se assemelha ao caminho para vivenciar a escuridão da alma.

Observe que interessante: a fase de Nigredo (Putrefação e Morte), pode ser representada pela chegada de Jonathan Harker ao castelo de Drácula. O castelo é um ambiente escuro, gótico, de morte e decadência, onde Harker experimenta sua “morte simbólica”, preso no domínio do conde. Esse momento representa a dissolução do ego, a destruição da matéria bruta.

A fase de Albedo, (Purificação e Iluminação), acontece à medida que Drácula aporta na Inglaterra, transportado pelo navio Demeter, e encontra e interage com Lucy Westenra e Mina Harker, há um movimento em direção à purificação.

A luta contra o vampirismo pode ser vista como um processo de clarificação, onde os personagens começam a entender a verdadeira natureza do conde e se unem em um propósito maior. A busca pela verdade (como os alquimistas buscavam o conhecimento divino) se intensifica. A fase de Rubedo (Realização e Transmutação) é percebida com a caçada final, o clímax do romance, e a destruição de Drácula.

Aqui ocorre a transformação e conclusão do processo alquímico, trazendo ordem ao caos. O curioso é que o conde Drácula, pode ser visto como uma fase de Nigredo (putrefação e morte) só que infinita, tal qual Prometeu.

Para dar continuidade a grande obra alquímica, ou seja, Albedo, Drácula transmuta de estado e vai em busca daquilo que ele considera a sua redenção: encontrar Mina, seu amor infinito do passado. Drácula pode ser visto como a matéria prima da alquimia, ou seja, aquilo que precisa ser purificado. Ele possui a imortalidade, mas é uma imortalidade corrompida, um estado de não-vida, não sendo um ser verdadeiramente transcendental, já que sua sede de sangue pode ser interpretada como a busca eterna pelo elixir da vida, mas, ao contrário dos alquimistas, que procuram a verdadeira iluminação, Drácula apenas perpetua sua condição amaldiçoada.

Reflita sobre essa frase: O vampiro, como arquétipo alquímico, oferece uma rica metáfora para a exploração das profundezas da psique humana, a transgressão das normas sociais e a busca pela imortalidade. Separei alguns pontos que considero interessantes. O Simbolismo do Sangue, trazendo Transmutação e Vitalidade, é frequentemente associado à vida e à energia vital.

Alquimicamente, o vampiro representa a busca por essa essência vital, semelhante ao objetivo dos alquimistas de transformar materiais comuns em ouro espiritual ou físico. Essa relação entre o vampiro e o sangue pode simbolizar a absorção de conhecimento e poder. A busca pela imortalidade, ou o castigo de se manter vivo, leva o vampiro a beber sangue para sustentar a própria existência. Metaforicamente, essa busca, é um dos principais objetivos da alquimia.

Essa imortalidade, no entanto, é frequentemente apresentada como um estado de condenação e solidão. O vampiro transgride as leis naturais da vida e da morte, refletindo a busca alquímica por um conhecimento que ultrapassa os limites da condição humana. Essa transgressão é vista como perigosa, pois a alquimia adverte sobre os riscos de brincar de Deus.

Essa figura vampiresca, sempre nos lembra a dualidade e transcendência entre o bem e o mal, a luz e a escuridão. Podemos interpretar essa alegação como um reflexo das tensões entre a busca pelo conhecimento espiritual e os perigos que vêm com essa busca.

Falando em transcendência, a figura do vampiro é um exemplo metafórico do processo alquímico interior pela descoberta da Pedra Filosofal, simbolizando a busca por uma nova identidade, transcendendo os limites da vida comum. Sua figura pode representar as nossas sombras internas, conscientes ou inconscientes, fragmentos da nossa psique frequentemente rejeitadas ou reprimidas.

Podemos interpretar esse encontro com o vampiro como um chamado para confrontar essas sombras e integrá-las em nosso ser. Alquimistas e os vampiros compartilham a mesma busca pelo conhecimento profundo e pela transformação. Ambos operam em um nível oculto e são frequentemente vistos como figuras marginais em suas respectivas sociedades.

Além da narrativa de Bram Stoker, outras narrativas, apresentam o vampiro como um mentor que oferece ao protagonista a oportunidade de transcender a vida comum. Podemos relacionar essa relação como a dinâmica entre o alquimista e seu discípulo, onde o conhecimento é passado através de uma figura enigmática.

Em outras obras, literatura e cinema, a análise da personagem do vampiro nos ajuda na compreensão desse arquétipo. Por exemplo, em “Drácula” de Bram Stoker, a figura do vampiro é complexa e multifacetada, representando tanto sedução quanto ameaça. Na cultura pop, a figura do vampiro evoluiu, o que nos faz refletir sobre as mudanças nas percepções sobre alquimia e a busca pelo conhecimento.

Ao investigar essas dimensões, podemos obter insights valiosos sobre a condição humana e a eterna busca por transformação e compreensão. De uma forma ou de outra, eles estão entre nós!

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Marco Mammoli é Mestre Conselheiro do Colégio dos Magos e Sacerdotisas

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