Herança cultural
Povo religioso por natureza, nordestino prepara festa para a Semana Santa

No Nordeste brasileiro, a fé não é apenas uma expressão religiosa; é uma herança cultural que molda o cotidiano e as tradições do povo. E quando se aproxima a Semana Santa, esse sentimento se fortalece ainda mais. As cidades se transformam em palcos de devoção, onde a religiosidade popular se mistura com a arte, a gastronomia e a memória afetiva das famílias.
As ruas ganham cores e símbolos sagrados, encenações da Paixão de Cristo são organizadas com dedicação e os moradores se reúnem para relembrar os últimos dias de Jesus. O espetáculo de Nova Jerusalém, em Pernambuco, atrai multidões, mas em cada canto do Nordeste há uma versão própria dessa representação, feita com emoção genuína por atores locais, muitos deles motivados por promessas ou gratidão.
Na cozinha, o cardápio muda. A carne vermelha dá lugar ao peixe, ao feijão de coco e ao arroz de leite. As mesas se enchem de pratos típicos como a paçoca de pilão e a peixada, enquanto as avós ensinam aos mais jovens os segredos das receitas que atravessam gerações. Na sexta-feira da Paixão, o silêncio e a reflexão dominam os lares, preparando o espírito para a alegria da Páscoa.
Entre missas, procissões e momentos de oração, a Semana Santa no Nordeste é um reflexo da identidade de um povo que, mesmo diante das adversidades, encontra força na fé e na tradição. Cada gesto, cada ritual, é uma demonstração de um amor que se renova a cada ano, mantendo viva uma cultura que transcende o tempo.
