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Áreas protegidas sustentam mananciais e evitam colapso hídrico

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Além de proteger espécies da fauna e da flora do cerrado, a presença de unidades de conservação (UC) nas áreas de mananciais e no entorno dos reservatórios do Distrito Federal ajuda a entender por que a crise hídrica — que levou 1.012 municípios do País à situação de emergência — não chegou a Brasília.

Para se informar e conscientizar sobre os desafios que cercam a questão hídrica, os brasilienses podem acompanhar, a partir de quinta-feira, as atividades da Semana da Água, promovida pelos governos federal e do Distrito Federal, entre 19 e 28 de março.

A recuperação da vegetação na faixa de 30 metros ao redor do Lago Paranoá — determinada pelo acordo entre a Procuradoria-Geral do DF e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, firmado em 12 de março — vai reforçar, a longo prazo, a quantidade e a qualidade da água.

Segundo a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), quase 100% do líquido que vai para as torneiras dos brasilienses vem de regiões protegidas por unidades de conservação ou por áreas de proteção de manancial (APM), o que contribui para a qualidade do abastecimento.

O lago se encontra em uma unidade de conservação — a área de proteção ambiental (APA) do Lago Paranoá — e será utilizado para o abastecimento da população a partir de 2018 pelos planos da Caesb.

“A cobertura vegetal do solo está diretamente ligada à quantidade de água; se a vegetação é retirada, aquela água não vai infiltrar e vai se perder”, explica a agrônoma Marcela Pires, da Coordenação de Unidades de Proteção Integral do Instituto Brasília Ambiental (Ibram).

A recomposição da vegetação da orla fará parte do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, em elaboração no Ibram. “O espelho d’água é uma área pública, e as pessoas têm que ter acesso a ele, mas o lago precisa ser protegido, porque vai se tornar uma área de manancial”, acrescenta Marcela.

Segundo a Caesb, 75% da água distribuída hoje no DF tem origem em unidades de conservação de uso sustentável, como as APAs, que permitem o acesso da população e podem englobar também áreas urbanas.

Responsável por 60% da água consumida no Distrito Federal, o reservatório do Descoberto, por exemplo, fica dentro da APA do Descoberto. Já o Lago Santa Maria, integrante do sistema de abastecimento Torto-Santa Maria — segundo maior do DF— está inserido no coração do Parque Nacional de Brasília.

Bióloga da Coordenação de Unidades de Uso Sustentável e Biodiversidade do Ibram, Danielle Lopes observa que os brasilienses precisam ter cuidados para conviver com tantas áreas preservadas — são 22 UCs distritais e sete federais: “Algumas pessoas não seguem as normas de gabarito, que determinam, por exemplo, o percentual de área verde que deve ser mantida em cada lote e impermeabilizam toda a área, prejudicando a infiltração da água e a recarga dos mananciais”.

Étore Medeiros, Agência Brasília

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