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Júlio Cesar calça diálogo com o PT e sepulta tese de fusão das satélites

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Nos próximos dias, a Câmara Legislativa receberá detalhadamente tudo o que se refere às contas do ex-governador Agnelo Queiroz. Será o momento de se tirar a limpo minúcias inimagináveis. Será posto a prova o jogo da verdade. Quem está mentindo ou forjando números.

Ao receberem as contas, os deputados terão a responsabilidade de aprovar ou reprovar. Aparentemente, há sinais de que o petista pode ter problemas. Um desses sintomas é a situação de crise financeira em que o Distrito Federal se encontra.

Por outro lado, das 24 cadeiras votantes do plenário, ao menos 15 foram parlamentares da base de Agnelo na gestão passada, ou eram titulares de alguma pasta do primeiro escalão do GDF, na era petista.

Mas a responsabilidade pode pesar um pouco mais sobre os ombros do deputado Júlio Cesar (PRB). Ele esteve à frente da Secretaria de Esporte na metade do período em que Agnelo Queiroz  ocupou o Palácio do Buriti. Mas agora sua função é outra.

Convidado pelo governador Rodrigo Rollemberg, o distrital assumiu o cargo de líder. Ou seja, é ele o responsável por pavimentar o caminho de diálogo da Câmara Legislativa até o Palácio do Buriti. Uma espécie de conciliador entre os dois poderes, principalmente quando a situação estiver belicamente complicada.

Júlio Cesar, assim como seus correligionários do PRB, tem uma característica incomum: o respeito supremo às suas lideranças. Por isso, antes de assumir a função de líder, o deputado colocou a proposta para a análise do partido.

“Quando o Rollemberg me convidou para ser líder, tive que consultar meu partido. Conversei com o meu presidente local e submetemos ao nosso presidente nacional”, contou em entrevista a Notibras. O republicano foi mais além, ao revelar o motivo que avalizou o convite. Segundo ele, o governador precisava de alguém que tivesse bom trânsito dentro da situação e da oposição.“Como fui secretário de Estado do governador Agnelo, isso contribuiu”, reconhece.

Júlio, aliás, não se constrange em dizer que participou do governo de Agnelo Queiroz, uma administração marcada por alta rejeição da população. Mas confessa que durante a campanha o PSB era a aliança ideal.

“Víamos que o Rollemberg tinha ideias que coadunavam com a gente, mas tínhamos assumido com o PT lá atrás. Demos a nossa palavra. No momento que o PT perdeu, decidimos fechar com o Rollemberg”, recorda.

Quando chegou a Brasília, apesar de ser uma cidade naturalmente política, Júlio garante que não veio com o pensamento de se candidatar.

“Tudo é consequência. Eu vim para prestar um serviço ao partido. Até porque tínhamos um deputado atuante, que era o Evandro Garla. As coisas foram acontecendo e o partido teve essa sensibilidade. Logo no início de 2013, as coisas começaram a clarear e o partido me chamou e disse que eu tinha condições de ser deputado e gostariam que eu me candidatasse. Aí eu aceitei”, diz.

Ele assumiu a vaga do PRB na Câmara deixada por Evandro Garla, que renunciou à disputa da reeleição por acumular o cargo de secretário nacional do partido. E por isso, tinha dificuldades de atuar efetivamente na política local. Mas Garla foi o coordenador da campanha de Júlio.

Como líder, Júlio Cesar deve pegar experiência antes do que se pode imaginar. Muito devido às matérias polêmicas, passíveis de um bom jogo de cintura. Uma delas, sem dúvida, é a redução no número de administrações regionais, ou as antigas ‘cidades satélites’, termo que ficou impregnado nas mentes dos brasilienses.

“Esse é um tema realmente polêmico. Já há um consenso entre os deputados que do jeito que o projeto veio para cá, dificilmente será aprovado. Fizemos uma comissão geral tempos atrás. A população veio, participou e ela é contra a extinção de várias RAs”, diz. O GDF, no entanto, pretende insistir na proposta.

Há um entendimento entre os deputados, segundo Júlio Cesar, de se criar um substitutivo para apresentar ao governo. “Já identificamos que 95% das administrações não devem ser extintas”. Pelo contrário. A ideia dos parlamentares é dividir algumas cidades, como Ceilândia, e colocar duas RAs.

E para que essa proposta chegue à mesa de Rollemberg redondinha, o deputado explica que cada bloco partidário indicará um assessor para trabalhar na elaboração do substitutivo.

Quanto à questão das suas relações com Agnelo Queiroz, por força da participação no governo petista, Júlio ressalta que o vínculo com o ex-governador não o atrapalhou nas eleições. Prova disso é que foi o mais votado para a Câmara Legislativa.

“Não posso negar que o segmento evangélico me ajudou, e muito. Agora, eu fui um secretário muito atuante na pasta do Esporte, onde consegui desenvolver alguns programas que deram mídia, que valorizavam os atletas e os esportes de Brasília”.

Quando era secretário, o deputado republicano conseguiu desenvolver anticorpos para problemas. É o que pode se deduzir pelo seu distanciamento da eleição e condução da presidência da Federação Brasiliense de Futebol, alvo de questionamentos pela sua ineficiência.

Contudo, o deputado não conseguiu administrar a vinda da Universíade para Brasília. Até porque, Agnelo foi o principal lobista para trazer o evento à capital federal. Mas Júlio Cesar reconhece que a situação ficou fora de controle devido aos altos valores.

Agora, junto com seu partido, tenta levar a competição para outro Estado. O mais provável, é que o Rio de Janeiro seja o destino, já que há a possibilidade de se aproveitar as instalações das Olimpíadas e não deixar de trazer um grande evento para o Brasil.

O deputado também esteve dias atrás, junto com outros representantes do GDF, reunido com o empresariado de Brasília, representado por Paulo Octávio. A pauta da reunião era a manutenção da Universíade, como defendem os secretários Jayme Recena, do Turismo e Leila Barros, dos Esportes. Isso, garante Júlio Cesar, não ocorrerá.

Elton Santos – Participou Rebeca Seabra

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