Orai ao Céu. E que pedra renal vá doer em médico que não atende
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em“Tem que esperar um urologista cair do Céu”. Esse foi o “diagnóstico” que o ajudante de transportadora William Ribeiro Lima, recebeu de um clinico médico no Hospital da Asa Norte (HRAN). Embora a unidade conte com dez profissionais da especialidade, o paciente teve alta sem o atendimento completo para seu problema..
A frase, com tom de lamento, pode ser considerada também um reconhecimento de que o sistema de saúde pública do Distrito Federal está totalmente defasado e precisando de uma ajuda divina.
Vamos à história. William está com três pedras nos rins. Sente as fortes dores decorrentes do problema. Há quase quatro semanas começou seu penoso caminho até conseguir um contanto – menor que seja – com algum médico. Do dia 14 de março, data de quando deu entrada no Hospital da Asa Norte (HRAN), só conseguiu um diagnóstico apenas na terça-feira 7 de abril.
Mas antes de definitivamente receber orientações de um médico do HRAN, William precisou recorrer à clinicas particulares. Como não conseguiu um pronto atendimento do GDF, pagou por exames. Ele tentou ser consultado em dois hospitais e uma UPA. Apenas depois de tirar dinheiro do próprio bolso foi que fez uma tomografia na saúde pública.
Porém, mesmo com os resultados em mãos, William não teve uma explicação do que tinha com o atendimento público e precisou contar novamente com a área privada.
Sua namorada trabalha em um hospital particular no DF. Ela pegou a tal tomografia e levou a um médico conhecido. Por meio da camaradagem, o profissional deu o diagnóstico detalhado e disse que ele deveria tentar operar urgentemente porque o quadro não era simples. E lá vai William recorrer aos hospitais públicos do DF de novo.
A urgência que o médico do hospital particular ressaltou, não foi a mesma que a saúde pública entendeu. Agora, com toda a dor que sente, William terá que esperar mais tempo. Nesta quinta-feira, 9, ele recebeu alta do HRAN e um papel: o encaminhamento para o Hospital de Base com indicação de litotripsia – procedimento utilizado para o tratamento de cálculo renal. Lá, ele terá que tentar, às duras penas, ser atendido por um urologista.
O caso foi relatado a Notibras pela irmã do paciente, Lidiane Ribeiro de Souza, na última segunda-feira, 6. Segundo ela, os médicos demoraram muito para atender William. E mesmo com a alta e o encaminhamento, Lidiane tem receio da morosidade e do que pode ocorrer com seu irmão.
“Deram alta pra ele sem fazer a cirurgia. O médico deu um encaminhamento pra ele ir no (sic) hospital de base para marcar a cirurgia. Como eles liberam ele (sic) assim. Muito difícil. Ele vai morrer em casa”, lamenta.
Toda a situação foi passada ao governo no mesmo dia em que Lidiane conversou com a reportagem. Desde então, a Secretaria de Saúde tem sustentado que tem dado assistência a William. O que a irmã do paciente não confirma. Ela transcreveu a frase divina do médico. E isso ocorreu porque, segundo Lidiane, esse próprio médico sabia que tinha urologistas no HRAN, mas que inexplicavelmente, não atendiam.