Réus colocam Cristovam no bolo e júri da Estrutural fica para agosto
Publicado
emO tão aguardado julgamento dos policiais militares que participaram dos assassinatos na cidade Estrutural em 1998 foi adiado para o mês de agosto. Motivo? Dois dos réus arrolados no caso querem que o ex-governador Cristovam Buarque seja ouvido como testemunha pelo Tribunal de Justiça. Ele era o governador do Distrito Federal na época. Portanto, teoricamente, teria a responsabilidade das ações.
Mas, por ter foro privilegiado, o senador não falou à Justiça, embora já tenha sido comunicado. A intenção de protelar o julgamento é para não desmembrar a ação. Caso isso ocorresse, as sentenças poderiam ser ajuizadas em diferentes épocas.
O pedido para que Cristovam seja ouvido foi feito pelos advogados de Daniel de Souza e Cássio Marinho. Segundo o promotor de Justiça Marcelo Leite, a defesa dos réus insistiu na oitiva. Mas alerta, no entanto, que o júri só pode ser adiado uma vez por esse motivo. Ou seja, caso o senador Cristovam Buarque não seja inquirido até lá, o processo ficará sem esse depoimento e o julgamento será efetivado.
Quando foi solicitado para dar seu testemunho, o senador respondeu por meio de sua assessoria apenas que não poderia comparecer. Não por falta de vontade, mas por incompatibilidade de agendas, garantiu.
Apesar de não ter conversado oficialmente com a Justiça, o senador Cristovam deu seu depoimento a Notibras. Contou, por exemplo, que as ações foram exageradas e tinha o intuito vingativo pela morte do PM Rubens Gomes Farias.
“Muita gente desconfia, eu não posso afirmar, que por trás daquilo estava o Durval Barbosa (ele era responsável pela 3ª DP que investigava os crimes na Estrutural). Até porque, como aquilo foi tão filmado? Como foi tão organizado e o filme depois ter sido usado em campanhas contra mim?”, questiona. (A entrevista completa pode ser conferida aqui).
As palavras de Cristovam Buarque dão a entender que ele não sabia da ampliação da Operação Tornado para a cidade da Estrutural. Essa ação da PM tinha o objetivo de desarmar a população, mas apenas das cidades de Samambaia e Ceilândia. Porém, a morte do policial Rubens estimulou a ida da tropa para a Estrutural.
Mas o depoimento do coronel Aníbal Person Neto, que era Comandante-geral da PM naquela época, joga as afirmações do parlamentar por terra. Ele afirma que foi contra essa operação na Estrutural afirma ter externado essa posição a Cristovam e ao secretário de Segurança Pública do período. (Veja a matéria completa aqui).
Com as alegações deferidas pela Justiça, uma nova data foi definida. O julgamento será realizado nos dias 24, 25, 26, 27 e 28. Trinta e três testemunhas no total serão ouvidas em plenário. Entre elas o ex-chefe da Casa Militar de Agnelo Queiroz, coronel Rogério Leão e o titular do posto no atual governo de Rodrigo Rollemberg, Cláudio Ribas de Sousa. Os dois darão seus testemunhos por terem participado direta ou indiretamente do episódio.
Notibras procurou ouvir o senador Cristovam Buarque mais uma vez sobre o assunto, inclusive por meio de sua assessoria, mas sem êxito. O caso está em aberto. E até que o júri se defina em agosto, Notibras continuará acompanhando tudo. Não como testemunha oficial, mas como os olhos interessados de seus leitores.
Elton Santos