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Robério, em nome do pai, vai levar à força a licitação fraudulenta?

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Na década de setenta, quando o IRA incendiava a Inglaterra, estava em gestação em Brasília, no ventre da mãe, um bebê que no futuro faria tudo em nome do pai. A situação londrina virou um filme policial com conotações políticas (In the Name of the Father, ou Em Nome do Pai, em tradução livre). Já a história de Brasília, onde o rebento age em nome do pai, caminha para virar caso de polícia.

Em Londres, o jovem rebelde irlandês Gerry Conlon explode um pub. Em Brasília, quase quarenta anos depois, o bebê Robério Negreiros virou deputado e explode os cofres públicos. A semelhança é que nos dois casos, fala-se em nome do pai. A diferença é que lá, havia um ideal político. Aqui, o ideal é financeiro.

A história de Colon, todo mundo conhece. A de Negreiros, começou a ficar ainda mais conhecida pelas páginas do Quidnovi, site de Mino Pedrosa. Conta o jornalista das manobras de Negreiros para se apoderar de um filão de ouro nas entranhas da Secretaria de Educação.

Vamos aos fatos, respeitado o relato de Mino Pedrosa: a Secretaria de Educação fez um pregão para vigilância armada e supervisão motorizada, com fornecimento de mão de obra, materiais e equipamentos. O objetivo era atender escolas públicas e as coordenações regionais de ensino.

O pregão foi dividido em dois lotes. O lote de número 2 foi disputado sem atropelos, tudo dentro da legalidade. A vencedora do certame foi a Confederal. Já o lote 1, quem venceu, foi a Brasfort, pertencente à família do deputado distrital Robério Negreiros. Mas não houve lisura.

Ao contrário do que diz a legislação que trata de concorrências para a modalidade pregão, com duração que pode variar do mínimo de 1 minuto ao máximo de meia hora, a vitória da Brasfort se deu em exatos seis segundos.

Bateram o martelo para que o pai de Robério arrematasse, contra todas as expectativas, um negócio de mais de 75 milhões de reais. Inconformados, os concorrentes, que imaginavam estar participando de uma disputa sem fraudes, recorreram, pedindo impugnação do processo.

Temendo cair nas garras do Ministério Público, a Secretaria de Educação cancelou a contenda do lote 1, vencida pela Brasfort. Inconformado, e falando não apenas em nome do pai, mas principalmente em nome do mandato que eventualmente garante votos ao Palácio do Buriti, Robério Negreiros deu um murro na mesa, esbravejou, ameaçou. Enfim, tentou intimidar os gestores públicos, obrigando a manutenção da licitação que havia sido ganha fraudulentamente pela empresa da família dele.

Uma nova licitação já está programada, embora apenas para o lote 1. Mas Robério, em nome do pai, não se dá por vencido. Se é para cancelar, diz, que volte tudo à estaca zero. Ou seja, quer melar até o jogo de quem respeitou as regras.

A tendência é a de que o Palácio do Buriti jogue duro e oriente a Secretaria de Educação a não ceder. Se não for assim, o Ministério Público e a própria polícia vão entrar no jogo com a força de um árbitro da Fifa. E alguém, em nome de Deus e da Justiça, terá de explicar por que a Brasfort do pai de Robério quer ganhar uma concorrência com sobre preço que beira os sete milhões de reais.

ps – não confundam o original In the Name of the Father com um curta metragem brasileiro homônimo: Em nome do pai (2002), onde em uma família aparentemente feliz, a mãe descobre que o pai abusa sexualmente do filho. Mas isso é outra história.

Felipe Meirelles e Ricardo Coimbra

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