Lula articula para encabeçar chapa em 2018 e repetir a dobradinha com o PMDB
No cotidiano da presidente Dilma Rousseff existe uma espécie de ablução matinal. Todas as manhãs ela salta da cama e se pergunta:
– Onde está, como está e com quem está Lula?
Esse é o fator que pode alterar o humor presidencial. Diz respeito a uma alquimia antiga de duas personalidades incrivelmente díspares, mas que se completam e se aceitam numa espécie de cumplicidade contratual.
Recentemente, estiveram muito tempo separados, nenhum telefonema trocado, nenhuma conversa a sós.
Qual o segredo que os leva a sempre reatar a amizade, a interlocução e as consultas – ou mesmo cumplicidade – quando as coisas estão nebulosas, como andam recentemente?
O jornalista Elio Gaspari matou a charada ao sentenciar em recente coluna:
– Não há Dilma sem Lula, nem Lula sem Dilma.
É uma simbiose perfeita que retoma o velho enredo do criador e da criatura, que, para muitos observadores, é repetido agora, incluídas todas as referências de traição.
Mas, quem trai quem?
Dilma tem a faixa presidencial, a caneta para editar medidas provisórias à hora que quiser e o Diário Oficial para publicá-las. Julga-se no direito de governar segundo seus critérios. A insônia é dela, as olheiras profundas são acumuladas por ela.
Lula tem a memória do poder petista de quase 14 anos seguidos, os compromissos, os segredos e uma inesgotável sede para renovar sua promissória no mando total.
Se Dilma interpuser uma barreira às suas pretensões ele a empurrará para um canto do ringue. Dilma sabe disso. Executa um “pas de deux” ora doce, ora mortal, com Lula.
Foi nesse contexto que o ex-presidente veio a Brasília para se reunir no Palácio do Jaburu com o homem da hora – Michel Temer – e com os cardeais do PMDB.
Nenhum simbolo seria mais perfeito para remontar a aliança PT-PMDB de 2002, a que garantiu a sustentação equilibrada dos dois governos de Lula, a eleição de sua sucessora e sua posterior reeleição.
