Fábrica de pirotecnia da Agefis alivia dívida da época de Agnelo
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emQuando disputava a reeleição ao Palácio do Buriti, no ano passado, Agnelo Queiroz contratou a Fabrika, produtora de filmes, entre outras coisas, para se encarregar da parte da campanha na televisão. Com a derrota do petista no primeiro turno, a Fabrika caiu no colo de Rodrigo Rollemberg.
Não se sabe quanto custou ao socialista os serviços prestados por José Luiz. Mas é certo que o seguidor de Alfred Hitchcock levou um calote de 1 milhão 800 mil de Agnelo. E não mede esforços para receber, porque passar 15 de cada 30 dias nas praias espanholas, custa dinheiro.
Acredita-se que é nessas horas que orações entre amigos íntimos podem resolver alguns problemas. Pode não ser o caso em questão, mas quem deixa de receber algum dinheiro, fica com um buraco na conta. E é preciso cobrir o rombo.
Muito bem. A Fabrika está recebendo uns trocados – pode ser mesmo uma bolada, mas são poucas as pessoas capazes de atestar os valores reais. O dinheiro vem dos cofres da Agefis, que contratou o pessoal de José Luiz para roteiro, direção e produção da fantasia Limpeza da Orla do Paranoá.
O show de pirotecnia promovido pela Agência de Fiscalização do Distrito Federal no Lago Sul, na segunda-feira, 24, ganhou espaço na mídia local. A estratégia usada pela presidente da autarquia, Bruna Pinheiro, foi começar os trabalhos na orla do lago Paranoá com estardalhaço.
Em alguns trechos foram erguidas mansões de quem comanda a economia da capital da República. Os terrenos públicos foram invadidos com decks para atracar iates e lanchas que chegam a custar milhões de reais.
A ação da Agefis foi anunciada para começar pela QL 12, a famosa Península dos Ministros. Ledo engano. O que se viu, na realidade, foram dois tratores em operação na altura da QL 14. Um deck de concreto de uma casa em construção que impedia a passagem de quem quer que seja, foi retirado. Mas uma mansão que estava na área ilegal ficou intocada. E uma cerca que impedia a continuação dos trabalhos motivou o desligamento dos tratores.
O fato é que o maior obstáculo está atrás da cerca. Trata-se da residência do embaixador da Holanda. Pelas leis da diplomacia, é território internacional. A presidente da Agefis, Bruna Pinheiro, sabia disso. E escolheu o local para alimentar seu jogo de cena.
Vamos voltar lá para o início do texto, para não perder o fio da meada. A Agefis contratou a equipe da Fabrika para registrar todo o trabalho. Uma verdadeira produção cinematográfica, com direito a efeitos especiais com o uso equipamentos de última geração, a exemplo de drones. Feita a filmagem, cópias foram providenciadas para a veiculação em órgãos da imprensa que andam de mãos atadas com o Palácio do Buriti.
Feita essa observação, voltemos à questão do embaixador da Holanda. O diplomata, cavalheiro, ressalte-se, disse que aos protagonistas da pirotecnia da Agefis que sequer havia sido notificado da derrubada. E sem notificação, com o devido aval do Itamaraty, não permitiria a invasão do seu território. Mais não disse. Nem precisava.
Ficou claro que, na melhor das hipóteses, Bruna Pinheiro, se insistisse com a derrubada, seria processada pela Corte de Haia. Ou mesmo pela ONU. Coisa de diplomacia. Leva logo a quem decide. Nada de primeira ou segunda instâncias. Ana (pode até ser Silva), representante da Agefis no ato, engoliu seco. Recolheu suas máquinas de guerra e sinalizou que ficaria em uma trincheira próxima, aguardando orientação superior. Entretanto, derrubada, que é bom, nada.
O episódio com o representante das terras onde a energia eólica move moinhos e faz render fortunas, pode ser usado como pretexto para que megas empresários e políticos, invasores de áreas públicas, recorram a novos artifícios para evitar a execução do projeto orla livre.
Agora, mais um parágrafo sobre a participação da Fabrika em todo esse show. A contratação da empresa, sem licitação, mexeu com o brio de muita gente séria. Tão séria quanto o José Luiz. O problema reside no fato de a produtora não ter participado de nenhuma licitação para prestar os serviços que serão pagos por ordem de Bruna Pinheiro.
Sobre a referência a Hitchcock: Bruna Pinheiro gosta de provocar suspense. Contudo, há quem assegure que ela está prestes a levar um grande susto, não necessariamente dos fantasmas que foram criados com as derrubadas que a presidente da Agefis patrocinou, transformando cidadãos pobres, mas honestos, em vítimas inocentes do terrorismo implantado no Sol Nascente, Por do Sol e Vicente Pires.