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Imprudente, Rafael esquece Brasília para unificar os árabes

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No Oriente Médio uma nação abriga três tesouros: a segunda maior reserva de petróleo do mundo e as duas mais importantes mesquitas islâmicas, localizadas nas cidades de Meca e Medina. Quase a totalidade da população (97%) de 16 milhões de sauditas reza voltada para Meca diariamente. A Península Arábica é promissora e o país representa 80% daquele território, ao lado de reinos menores, mas igualmente ricos.

Bem diferente da Península dos Ministros, no Lago Sul de Brasília, onde a maioria invade áreas públicas. Lá eles têm o hábito de erguer construções magníficas como as torres de Dubai, cidade do vizinho Emirados, que atrai milhões de turistas todos os anos. Aqui as construções são demolidas e aterradas. E abandonadas. Mas cada um reza na cartilha que bem entende.

No dia 23 de setembro será comemorado o Dia da Arábia Saudita. Devemos aplaudir, embora o petróleo por aqui esteja paralisando pessoas muito mais do que fazendo com que saiam do mesmo lugar: a cadeia.

O que parece piada pronta é oficial. Está na pauta da CLDF proposta de uma Audiência Pública para, acreditem, discutir a unificação da Arábia Saudita. Ôpa, o governo de Riade está desunido? O país está dividido? É preciso avisar a CNN.

É claro que a intenção do ilustre deputado distrital Rafael Prudente foi mal entendida provavelmente pela sua assessoria, ou quem sabe pelo servidor que digitou a pauta nas vias eletrônicas. Mas que está lá no sítio da nossa honrada Câmara Legislativa, ah, isso tá. Corra para ver.

O fundador daquele deserto promissor, Abdul Aziz Al Saud, nos anos trinta, deve ter sonhado com essa importante colaboração candanga. Nossos parlamentares não recebem nenhuma demanda local porque em Brasília tudo está muito bem resolvido. Então vamos trocar de problema, tratar de assuntos intercontinentais, bem longe do Lago Paranoá, às margens do Mar Vermelho.

Ao longo dos anos, desde que a primeira legislatura foi constituída, a Câmara do DF produziu centenas de bizarrices, distribuiu incontáveis títulos de Cidadão Honorário a muitos cidadãos nem tanto honoráveis; paralisou governos, e teve seus membros envolvidos em inconfessáveis manobras e negociatas.

Mas as fronteiras de suas ações e leis sempre estiveram delimitadas pelo traçado retangular sugerido pelo belga Louis Ferdinand Cruls, quando indicou, ainda no Século XIX, onde deveria ser instalada Brasília.

As bancadas de deputados pretéritas eram mais modestas, promoviam audiências públicas para tratar da caixa d’água da Estrutural, de um posto de saúde em Vicente Pires e outros temas distritais, digamos assim.

Para entender a piada é necessário explicar o que é uma audiência pública. É um modelo derivado do dispositivo da Constituição de 1988, que instituiu uma forma plebiscitária de decidir, promovendo o enfrentamento das opiniões da sociedade e do poder público. Em território nacional, é claro. E para benefício dos habitantes nacionais.

Nas audiências públicas, teoricamente, qualquer brasileiro pode comparecer, dar sua opinião sobre as decisões do governo, ser contra ou a favor etc e tal.

Então vamos imaginar a audiência pública marcada para 23 de setembro, em Brasília, bem longe de Riade. O que os deputados distritais vão propor para a unificação surpresa da Arábia Saudita e qual a opinião dos eleitores candangos sobre o importante tema que atinge diretamente a sua vida, certamente será o conteúdo da ocasião. Ou pode ser que haja uma nova instrução sobre o que deve ser uma audiência pública.

Sinal dos tempos. Estamos elegendo parlamentares com mais poderes do que imaginávamos… A Constituição garante a liberdade de expressão. Pode rir.

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