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Publicidade enche os cofres dos ônibus, que esvaziam os bolsos do povo enganado

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Uma auditoria do Governo de Brasília deve escancarar uma mina de recursos. E ela vem justamente do transporte público, onde houve o reajuste da tarifa no último domingo, 27. Caso o poder público tivesse, na prática, controle dos valores dessa “mina”, o passageiro não pagaria mais caro para andar de ônibus, informa o site aovivodebrasilia.

Provavelmente você já deve ter notado que atrás dos ônibus sempre existe algum anúncio. Seja de faculdades, instituições e até mesmo de órgãos públicos. Pois bem, o governo local tem, segundo o contrato que renovou a frota em 2013, direito a uma parte dos recursos oriundos dessas publicidades.

O problema é que, segundo a CPI dos Transportes, ninguém sabe o destino dado a esse recurso. Muito menos sabem o total desses valores. De todas as empresas de ônibus, apenas a Marechal não tem publicidades, conforme informações do DFTrans.

Donas do dinheiro – As empresas contratadas para gerenciar esses anúncios são a All Channel, Select Publicidade e Propaganda e Agência Estrutura Painéis. Segundo o DFTrans, a primeira dessa lista é a empresa que detém maior cota de publicidades.

Como não há números oficiais ainda, nossa reportagem fez uma conta, levando em consideração a agência All Channel. No site da empresa consta o nome e a quantidade de clientes que ela possui. São 140 no total. Entretanto, a lista pode estar defasada, já que falta pelo menos uma faculdade cliente, pelo que a reportagem obteve de informação.

All Channel é responsável por gerenciar a publicidade de pelo menos 361 linhas de ônibus no DF. Vamos considerar que cada itinerário dela possui uma publicidade em veiculação por 30 dias. Pela tabela de preços da agência, nessa situação hipotética descrita, um cliente pagaria 1 mil 552 reais para aparecer, apenas no busdoor externo.

Em apenas um mês, segundo essa contabilidade, a agência receberia em torno de 560 mil reais. No final do ano, o caixa da empresa fecharia com um montante de 6 milhões e 720 mil reais.

Há ainda mais cinco alternativas de publicidade, ou mais barata, ou mais cara. Quando a propaganda é por meio de backbus – quando cobre toda a traseira do ônibus -, o valor é de 6 mil 750. Numa mesma situação descrita acima, em um ano, a All Channel poderia arrecadar mais de 24 milhões.

A reportagem procurou a All Channel para buscar mais informações como se há algum valor que vai, de fato, para a conta de compensação. Não havia uma pessoa responsável para responder. Foi deixado contato para o retorno, mas até o fechamento da matéria ninguém entrou em contato.

Lupa na publicidade – O relator da CPI dos Transportes, deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), pretende agir. Na próxima reunião ele irá colocar esse tema em pauta. Uma das medidas é pedir oficialmente essas informações para começar a investigar por essa vertente também.

Devassa na Conta – Em abril deste ano, o governo, por meio de um decreto, abriu o que eles chamam de “conta de compensação”. Isso quer dizer que abriram o caixa onde são encaminhados todos os recursos vindos do transporte. Sejam as tarifas dos usuários, como outras receitas, a das publicidades, por exemplo.

Assim, com a abertura dessa conta, o DFTrans tem feito uma auditoria contábil para saber os valores de recebimentos. Todos os repasses da gestão anterior, e se houve realmente, também serão alvos de uma devassa.

De acordo com o contrato que renovou a frota de ônibus, todas as receitas oriundas do transporte público vão para uma Conta de Compensação. E o Poder Público, no caso o governo do DF, tem o total controle sobre ela.

Metade dessas receitas fica para as agências. A outra parte é para a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro, segundo o que consta do contrato de concessão. “Hoje, no caso, para compor a diferença entre tarifa técnica e tarifa usuário”, informou a assessoria do DFTrans.

Mesmo que não sejam ainda oficiais, esses números provam que desse segmento escorre um manancial de recursos que, segundo a lei, o governo poderia se banhar um pouco e sair do perrengue financeiro em que se encontra.

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